Apatia e clima organizacional

A falta de motivação, o desânimo e o tédio, infelizmente, são sintomas comuns a muitos trabalhadores. Esse quadro pode ser gerado por muitos fatores e, além disso, é extremamente prejudicial para a empresa. Por isso, é preciso que os gestores fiquem atentos para os colaboradores que apresentarem as características apresentadas acima, pois elas são indícios para a apatia. 

Apatia é um termo psicológico que se refere à pessoas que perderam interesse em algum aspecto da vida, que não se sentem interessadas em realizar tarefas cotidianas e nutrem uma profunda indiferença a tudo o que acontece ao seu redor. No âmbito do trabalho, o indivíduo apático não demonstra nenhum traço de proatividade, faz apenas o que é solicitado a ele ou, muitas vezes, somente o suficiente para evitar a demissão. 

De maneira geral, todos já passamos por períodos de apatia. Contudo, é preciso estar atento quando essa indiferença demora a passar, principalmente quando ela acontece no ambiente de trabalho. A apatia pode causar doenças mais graves, como ansiedade e depressão, ou mesmo, ser sintoma de adoecimento emocional. Assim, como ela pode ser gerada por acontecimentos dentro do círculo empresarial, é fundamental que os líderes tenham a empatia necessária para perceberem os sintomas, evitando que o panorama se agrave. 

Após a pandemia e a popularização do home-office, casos de apatia corporativa podem aumentar, já que, sozinho em casa, o profissional não passa pelos períodos de descontração e socialização do trabalho presencial. Em vista disso, é necessário que gestores e líderes tenham empatia e consciência emocional para perceber se os subordinados estão, seja por qual motivo, apáticos. 

O entusiasmo, bem como a satisfação de exercer determinada profissão são elementos cruciais para o sucesso de qualquer empresa. É por esse motivo que colaboradores apáticos não entregam os resultados que lhe cabem. Isso acontece porque eles não veem futuro naquele local, não se sentem valorizados ou são deixados de lado em decisões importantes. 

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Quer saber mais sobre a apatia, porque ela ocorre, como identificá-la nos funcionários e quais são os tratamentos? Continue a leitura!

Apatia e síndrome de boreout

Como vimos anteriormente, a apatia é um sentimento de total descaso e desinteresse pelas tarefas diárias. Contudo, quando tal indiferença é causada por acontecimentos do trabalho, os funcionários podem desenvolver uma condição chamada boreout. 

No inglês, “boring”, significa “entediado”. Portanto, boreout pode ser livremente traduzido como “tédio no trabalho”. O termo foi cunhado pela primeira vez em 2007, por dois profissionais da Suíça: o filósofo Peter. R Weder e o consultor de negócios Philippe Rothin. Desse modo, uma das principais causas do boreout é a falta de atividades dentro da empresa. Ou seja, quando o funcionário fica muito tempo ocioso, sem nenhuma tarefa relevante para entregar. 

Embora o tédio seja, em suma, algo corriqueiro em nossas vidas, o boreout é um estado muito mais grave e pode acarretar em depressão e ansiedade. A falta de ações no trabalho é apenas o início de doenças emocionais que podem até tirar o colaborador da empresa.  

Síndrome de burnout x boreout

Durante a pandemia, falou-se constantemente na Síndrome de Burnout, que é a sobrecarga emocional gerada pelo estresse no ambiente de trabalho. No entanto, embora apresentem nomes e sintomas semelhantes, burnout e boreout devem ser tratados de forma completamente diferente. 

Enquanto o burnout é uma condição que acontece principalmente no campo individual, o bureout pode ser solucionado de acordo com o clima organizacional da empresa. Com isso, traços de apatia podem surgir ou desaparecer completamente conforme cada funcionário é tratado. 

A síndrome de burnout é um transtorno psíquico definido pelo excesso de atividades no trabalho. As pessoas acometidas pelo burnout têm uma carga de estresse elevada, não sentem mais prazer em seu ofício e, como resultado, ficam  desgastadas emocionalmente, não conseguindo trabalhar com saúde.

Quando o funcionário não é desafiado, tem afazeres monótonos e sente que a sua capacidade está sendo ignorada, tem grande propensão a se tornar apático. O mesmo acontece se suas ideias não são ouvidas, ou se ele não acha que poderá crescer dentro da corporação. Consequentemente, a produtividade baixa e ele pode desenvolver transtornos mentais. 

Enquanto o burnout foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma doença emocional, o boreout pode ser solucionado no próprio ambiente corporativo, com adaptações que se adequem ao estilo de vida dos profissionais.  

Como o clima organizacional pode evitar o aparecimento de funcionários apáticos

O melhor caminho para construir um ambiente de trabalho livre de funcionários apáticos é um canal saudável de diálogo entre líderes e subordinados. É preciso que os gestores sejam sensíveis às questões da mente, conheçam seus funcionários e o que cada um valoriza como profissional.

Por exemplo, existem pessoas que sentem a necessidade de estarem ocupadas a todo tempo, que são motivadas por novos desafios. Por outro lado, existem funcionários que possuem a personalidade mais tranquila, que gostam de realizar um certo número de tarefas diárias e são felizes assim. 

Logo, conhecer cada profissional é muito importante para o bem-estar dos indivíduos. Igualmente, um ambiente democrático, com líderes que conversem com os colaboradores e, assim, alinhem os propósitos da corporação com as expectativas profissionais de cada funcionário.

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Entretanto, existem tipos de apatia que carecem apenas de tratamentos clínicos. Esses casos já entram no aspecto patológico, podendo ser o início de doenças como ansiedade e depressão. 

Estas, devem ser tratadas com profissionais especializados, em sua maioria em terapias e mesmo com o uso de medicamentos. Mais uma vez, cabe ao gestor ter a sensibilidade para perceber os sinais, ciente da importância da saúde mental para o bem de toda a equipe. Isto posto, um ambiente de trabalho saudável é aquele em que as forças e as fraquezas de cada um são respeitadas.

Veja algumas atitudes comuns à rotina empresarial que podem causar apatia:

  • muitas horas de ociosidade ou poucas tarefas a se realizar;
  • o funcionário recebe menos responsabilidades do que a sua capacidade exige; 
  • ao sugerir novas ideias, encontra limitações exageradas;
  • realiza funções fora da sua área de atuação; 
  • tarefas monótonas e entediantes;
  • condições de trabalho insalubres;
  • atritos e competições entre colegas;
  • falta de valorização;
  • escassez de promoções.

Causas da apatia

Além dos aspectos ligados ao mundo corporativo, outros fatores podem desencadear a apatia. Veja alguns exemplos:

Problemas físicos

A apatia pode surgir em decorrência de patologias físicas, são elas:

  • deficiências nutricionais;
  • problemas de tireoide;
  • insônia;
  • sedentarismo;
  • anemia;
  • infecções;
  • lesões no cérebro após um acidente;
  • uso de drogas.

Problemas emocionais

A apatia também pode ser um sintoma para o adoecimento emocional, como:

  • Depressão;
  • Transtorno de Ansiedade;
  • Transtorno Bipolar;
  • Quadro psicótico (Esquizofrenia, episódio psicótico);
  • Distimia.

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Como solucionar casos de apatia entre os funcionários?

Caso sejam identificados sintomas de apatia em qualquer membro da equipe, é fundamental procurar auxílio profissional, de um psiquiatra ou psicólogo, que indicará se o tédio é consequência de atividades insatisfatórias no trabalho. Cabe salientar que a apatia também é sintoma para algumas doenças físicas e emocionais, e apenas um profissional da área pode definir as causas do aparecimento do transtorno.

Então, se o quadro se provar correto, estará na hora dos gestores entrarem em ação para descobrir como solucionar o problema. Assim, após sessões de conversa com propostas de mudanças, todos os funcionários trabalharão para encontrar novos desafios e metas. 

Uma ferramenta possível é a Psicologia do Trabalho, que existe justamente para melhorar a saúde do clima organizacional. Dessa forma, para atingir um ambiente de trabalho mais produtivo e colaborativo, foca na gestão de pessoas, intervindo justamente nos locais que estão apresentando problemas.  

Dentre os pontos envolvidos pela Psicologia do Trabalho, estão, perceber a aptidão do profissional para trabalhar em equipe, verificar os índices de ausências e rotatividade, quais são os meios de comunicação para feedback, a elaboração de projetos que aumentem a motivação dos funcionários, como a personalidade de cada indivíduo afeta o seu comportamento, a promoção de um clima organizacional saudável e seguro.

Portanto, para que a empresa tenha um clima organizacional saudável, e que seus funcionários não sofram com tédio e desânimo, é preciso elaborar técnicas e estratégias que compreendam toda a equipe. Assim, os colaboradores serão vistos de acordo com as suas particularidades, sonhos e desejos. 

Com isso, as atividades laborais serão muito mais proveitosas, com cada um exercitando o que lhe dá prazer. Lembrando que momentos de tédio e desânimo são naturais ao ser humano, mas é preciso se ater às conjunturas que fogem da normalidade, pois elas podem ser indícios de doenças emocionais.  

Ao decorrer do texto, você percebeu que a apatia é uma questão preocupante, principalmente no ambiente corporativo. Gestores e líderes, para que o quadro de funcionários tenha uma qualidade de vida digna e consiga se desenvolver, devem ter sensibilidade para as questões emocionais. Se este é um assunto do seu interesse, saiba como o Portal da Mente pode contribuir na sua jornada em saúde mental. Caso você queira consultorias sobre assuntos ligados ao emocional dos funcionários da sua equipe, entre em contato. 

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