Maria Francisca
Firmino Prado Mauro

Sou médica psiquiatra, realizei minha graduação de medicina na Universidade Federal de Goiás (UFG), instituição em que pude me certificar da escolha por psiquiatria. Desde criança o ambiente da literatura me fascinou. Ali nas palavras encontrava desdobramentos do meu encantamento pela natureza humana. Na faculdade de medicina, a relação médico-paciente e a escuta das histórias dos pacientes, nas enfermarias, sempre me causou uma possibilidade de aprofundar meu interesse pela singularidade de cada adoecimento. Assim, ao longo dos anos da graduação participei de projetos de pesquisa na área de saúde mental e auxiliei na fundação da liga de saúde mental Wassily Chuc.

Ao terminar medicina, ingressei na residência de psiquiatria da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (UERJ), local em que fui apresentada à psicanálise e desdobrei minha escuta de
uma forma técnica, mas buscando o que é próprio a cada sujeito. Posteriormente, ao término
da residência, me dediquei ao atendimento de pacientes graves em instituições de internação
psiquiátrica (quadros de: depressão refratária/resistente, transtorno bipolar do humor,
esquizofrenia, quadros psicóticos, dependência/abuso de álcool, dependência de cocaína e
demais substâncias psicoativas, transtorno de personalidade borderline). Em hospitais clínicos,
realizava suporte psiquiátrico para pacientes que haviam tentado suicídio, se automutilado ou
com outro quadro clínico que precisasse de avaliação psiquiátrica.

Através da experiência clínica e das questões que foram em mim suscitando acabei por
querer voltar ao âmbito universitário. Nascia a vontade de pesquisar. Neste momento,
comecei minha participação como pesquisadora colaboradora no Programa de Obesidade e
Cirurgia Bariátrica (PROCIBA), do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A atuação na área de transtornos alimentares
(anorexia, bulimia nervosa, transtorno da compulsão alimentar) já acontecia desde minha
residência, mas foi através desta volta à universidade que passei a participar do Grupo de
Obesidade e Transtornos Alimentares (GOTA), do Instituto de Psiquiatria (IPUB) da UFRJ.
Nesta caminhada profissional de atendimento a cada um, em associação com minha jornada
pelo mundo acadêmico, vou cada vez mais buscando que a minha escuta seja consistente o
suficiente para ser precisa quanto ao diagnóstico, porém que instigue aquele sujeito para
além do seu sofrimento.

Graduação em Medicina

2000-2005

Sou médica psiquiatra, realizei minha graduação em medicina na Universidade Federal de Goiás (UFG), instituição em que pude me certificar da escolha por psiquiatria. Na faculdade de medicina, a relação médico-paciente e a escuta das histórias dos pacientes sempre me causou uma possibilidade de aprofundar meu interesse pela singularidade de cada adoecimento. Assim, ao longo dos anos da graduação, participei de projetos de pesquisa na área de saúde mental e auxiliei na fundação da liga de saúde mental Wassily Chuc da UFG.

Residência Médica em Psiquiatria

2007-2010

Ao terminar medicina, ingressei na residência de psiquiatria da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), local em que fui apresentada à psicanálise e desdobrei minha escuta de uma forma técnica, mas buscando o que é próprio a cada sujeito.

Durante a residência médica e até o ano de 2015, frequentava e participava das atividades da Escola Brasileira de Psicanálise Movimento Freudiano (EBPMF), sob coordenação do psicanalista Isidoro Eduardo Americano do Brasil. Neste ambiente em associação com minha própria análise pessoal pude manter meu vínculo com a transmissão psicanalítica de orientação Lacaniana.

Em 2009, através do convênio da UERJ com a Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pude permanecer nestas instituições para aprimoramento nas áreas de transtorno alimentar, eletroconvulsoterapia (ECT), sexualidade, psiquiatria no hospital geral e transtorno por uso de substância. Estes estágios foram importantes para que pudesse ter contato com outros centros de excelência de nossa psiquiatria nacional como o Instituto de Psiquiatria da USP (IPq) e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Posteriormente ao período da residência, me dediquei ao atendimento de pacientes graves em instituições de internação psiquiátrica. Na interconsulta psiquiátrica, realizava avaliações em hospitais clínicos. Através da experiência clínica e das questões que foram em mim suscitando, acabei por querer voltar ao âmbito universitário.

Pesquisadora Colaboradora na UFRJ

2011

Neste momento, comecei minha participação como pesquisadora colaboradora no Programa de Obesidade e Cirurgia Bariátrica (PROCIBA), do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O PROCIBA com sua equipe tão acolhedora e dedicada aos pacientes pode abrigar minha vontade de entender quem eram os pacientes com obesidade severa que buscam o tratamento cirúrgico para obesidade, assim de que forma evoluíam em seus comportamentos após a cirurgia bariátrica.

Participação no Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares

2015

A atuação da área de transtornos alimentares (anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno da compulsão alimentar) já acontecia desde minha residência, mas foi através desta volta à universidade que passei a participar do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (GOTA), do Instituto de Psiquiatria (IPUB) da URFJ.

No GOTA, sob coordenação do professor José Carlos Appolinario consegui desenvolver meu mestrado sobre o papel das comorbidades psiquiátricas no reganho de peso após a cirurgia bariátrica. Ali fui fisgada pela busca por produzir um conhecimento científico que possa contribuir para esta área de conhecimento ainda tão incipiente e com várias perguntas ainda em aberto para se responder cientificamente.

Mestre em Psiquiatria pelo IPUB/UFRJ

2019

Meu mestrado no Programa de Pós-graduação do IPUB (PROPSAM) foi fundamental para que conseguisse entender como se realiza o método científico de forma ética e com rigor. Esta capacidade de crítica tem sido essencial para o meu amadurecimento como pesquisadora. Também, me viabilizou a participação em congressos nacionais e internacionais apresentando meu trabalho acadêmico.

Finalizar meu mestrado foi uma importante etapa em minha vida. Eu que sempre gostei tanto da clínica psiquiátrica e escuta psicanalítica, ao ter que abrir mão parcialmente deste lugar não foi simples. No entanto, quando se percebe a possibilidade de construir um conhecimento que pode impactar vidas ao redor do mundo, ou mesmo contribuir de forma científica para área que se dedica academicamente, não deixa de ser fascinante e desafiador.

Doutoranda no Instituto de Psiquiatria da UFRJ

2020

Resolvi prosseguir no doutorado do PROPSAM para uma melhor capacitação como pesquisadora. Neste sentido, também poder contribuir com a ciência psiquiátrica brasileira e sua produção. Um desafio que se acentuou no contexto da pandemia atual.

Entretanto, devo confessar que ter uma possibilidade de obter um conhecimento consistente se torna uma necessidade para o que estamos ainda atravessando. Aos que tem interesse neste tipo de formação acadêmica podem acessar o site do Propsam para conhecer as linhas de pesquisa e possibilidades oferecidas.

Tenho muito a agradecer a universidade pública brasileira e as formações que me possibilitou realizar desde minha graduação médica. Sem dúvida sei que isto é fruto de um privilégio que obtive da educação que meus pais com muito esforço puderam me proporcionar. 

Espero com meu trabalho e contribuições acadêmicas poder dar um pouco de retorno do muito que obtive e ainda recebo. Obrigada, as instituições UFG, UERJ, USP, UFRGS e UFRJ e ainda um agradecimento maior as pessoas que estes locais me proporcionaram. Assim, fiz uma rede de mestres, amigos e colegas que me ensinam que a vida é feita de trocas baseadas no respeito e ética. Valores que minha família tão bem me apresentou.

Início do profundaMente no Youtube

2021

Em setembro de 2021, depois de muita reflexão e trabalho nascia o profundaMente, um canal no YouTube com objetivo de informar sobre saúde mental com um tom mais acolhedor. Sem dúvida também uma fonte de prazer e exercício da criatividade em minha rotina.

Fundação Portal da Mente

2022

Diante da pandemia todos fomos confrontados de forma mais intensa com o digital e suas possibilidades e mesmo excessos. Do meu lado, me vi com uma enorme vontade de escrever e poder comunicar sobre saúde mental.

Assim, em março de 2020, iniciei meu blog autoral o Diário do Comportamento como uma forma de alívio pandêmico. Ao mesmo tempo fui participando de “lives” e toda sorte de canais de comunicação para informar sobre saúde mental. Era uma forma de compartilhar um pouco do que pude aprender na minha carreira.

Ainda inquieta, queria muito poder falar sobre saúde mental não da forma usual que se estabelecem nos manuais de classificação do diagnóstico psiquiátrico. Minha motivação era abordar as sutilezas que envolvem o adoecimento emocional. Em especial, tentar traduzir o que as pessoas em sofrimento emocional apresentam.

Com o avançar do trabalho e das ideias surgiu o Portal da Mente com a missão de dar corpo e diversidade não de forma restrita aos temas de adoecimento emocional, mas que pudesse dialogar com os impasses de comportamento atuais que podem adoecer o mental, em especial no cenário corporativo. 

Dentro do Portal da Mente estão os canais de comunicação que eu e minha equipe criamos e também blogs com editorias específicas. Desenvolvemos a Editoria Feijão com Arroz com conteúdos sobre explicações dos sintomas de adoecimento emocional e explicações mais básicas sobre alguns conceitos na área do comportamento. Enquanto na Editoria de Vanguarda os temas dos artigos são sobre o mercado corporativo e o que possa ajudar para o entendimento de alguns comportamentos atuais que contribuem para “confusões emocionais”.

Ao atender em consultório cada indivíduo, pode se plantar a possibilidade para um despertar subjetivo. Nos meios digitais se amplia o público, ou seja,  a quantidade de pessoas que podem ter acesso ao conhecimento. O maior motivador para nossa equipe é poder contribuir para despertares próprios do nosso público, em especial para que os que precisam de tratamento psiquiátrico e terapia, não adiem a sua busca por ajuda. Pensando no auxílio para que as pessoas busquem por tratamento foi desenvolvido um guia prático para que cada indivíduo busque seu tratamento emocional, seja via pública, convênio ou particular. Ali neste roteiro a pessoa pode tentar localizar seu tratamento em qualquer lugar do Brasil.

Aos que não estão com impasses emocionais, o Portal da Mente tem como missão querer instigar você para reflexões de alguns padrões de comportamento que podem contribuir para um adoecimento emocional. 

Um alívio é saber que uma pessoa chegou para um tratamento em saúde mental que a resgatou de sofrimentos que estavam adoecidos. Também reconhecer que podemos com um coletivo mais “empático” plantar por aí mais amor. Então, que cada vez mais as pessoas ousem se conhecerem antes de se perderem na multidão. Bem aí nesta fagulha de “desejo” que o nosso projeto quer atuar.