A máscara facial é um aliado fundamental na proteção contra a disseminação do COVID-19 e nível de ocupação dos hospitais. Mais do que uma proteção individual, utilizar a máscara é proteger quem está próximo. Porém, muitas pessoas não se esforçam à essa nova realidade. Além do desconforto físico, por cobrir o nariz e a boca, o emocional também pode ficar abalado. Outro grupo de pessoas não chegam ao menos a tentar esta adaptação.
Ainda não se pode jogar a máscara de lado!
O nível de inquietação de cada um com o acessório depende desde fatores ambientais (temperatura, circulação de ar) até predisposições psicológicas. O desconforto emocional pode ser maior em pessoas que são ansiosas e se sentem sufocadas com a máscara, como se o uso desta descompassasse seu controle respiratório e ela estivesse com a atenção o tempo todo voltada para sua respiração. Pode variar de acordo com a situação que alguém está exposto. Em ambientes de trabalho fechados, por exemplo, a pessoa pode sentir que não está conseguindo se concentrar para realizar uma atividade, ou as realiza com pressa e sem atenção.
Tento, mas não consigo me adaptar
Em pessoas que já sofrem com transtornos psiquiátricos, como ansiedade e pânico, o efeito do uso da máscara pode vir a ser mais intenso, de acordo com a fase do seu tratamento. Alguns grupos podem sofrer mais consequências como os que apresentam transtorno de pânico do subtipo respiratório; em que seus sintomas estão mais relacionados à falta de ar, sensação de sufocamento e desconforto para respirar. No entanto, ainda faltam dados científicos mais robustos para compreender de que forma ocorre esta possível associação.
Um dos grandes problemas é o quanto esse incômodo pode atrapalhar, principalmente, no âmbito profissional. Algumas pessoas passam a ter aversão ao ambiente de trabalho, como se este estivesse associado a um intenso desconforto, pois se sentem abafadas. Também relatam que se sentem mais cansadas ao final do expediente de trabalho. O desconforto pode ser tão grande que pode levar ao abandono do trabalho, no lugar de procurar ajuda.
Se esforce até que seja vacinado!
Porém, enquanto a vacina ainda não chega para todos, a máscara é uma obrigação social. Assume-se um incômodo pessoal para preservar o coletivo. O importante é analisar a inquietação, buscar máscaras mais leves e adequadas ao formato facial e buscar entender qual é o nível de desconforto emocional.
Algumas dicas aos que tem alguma sensação desagradável de usar a máscara:
- Verificar se está usando a máscara correta para cada atividade, pois muitos utilizam modelos inadequados. Máscaras com tecidos grossos, de látex ou usar a N95 para atividade física, por exemplo, podem gerar maior incômodo;
- No trabalho, verificar se há ventilação adequada no ambiente, uma vez que muitos lugares estão precisando operar com as janelas abertas. Também é interessante priorizar intervalos em ambientes mais abertos, onde seja possível retirar a máscara e respirar sem ela;
- Moderar o consumo de cafeína. Ela pode piorar os sintomas emocionais, principalmente, para aquele subgrupo de pessoas com o transtorno de pânico do tipo respiratório. O mesmo vale para alguns chás ou termogênicos que podem de acordo com a pessoa desencadear uma sensação de inquietação interna;
- Aprender técnicas de relaxamento e de controle respiratório podem ajudar no manejo do desconforto.
Caso tenha tentado tudo isso e ainda haja um incômodo que esteja prejudicando suas atividades diárias, considere buscar a ajuda de um psiquiatra.
Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2021.