Instabilidade nas corporações: podemos falar em pós-Covid 19?

Eis que chegou 2022, sigamos para vida. Quais dados as empresas vão validar para seu ambiente corporativo? Antes, no segundo semestre de 2021, algumas análises desta volta aos escritórios apontavam sistemas híbridos diversos desde uma vez por semana até cinco vezes, com uma maior proporção no meio termo 2-3 vezes na semana. De acordo com uma pesquisa da consultoria KPMG, 58 % dos 287 empresários de diversos setores da economia referiam esta frequência.

Dentre os entrevistados, 49 % dos empresários referiram que manteriam as regras estabelecidas para prevenção ao coronavírus independentemente do avanço da vacinação. Esta é a sexta edição deste tipo de avaliação da KPMG, desde abril 2020. Nesta última publicação reportaram que 52 % das grandes empresas nacionais voltariam ao trabalho presencial.

O início de 2022 trouxe um aumento do nível de casos, sem agravamento clínico, mais uma vez trouxe incerteza para o ambiente corporativo. Aos que já estavam em um funcionamento mais pleno, trouxe a realidade de afastamento após o recesso por muitos colaboradores que se contaminaram neste afastamento. Em outra perspectiva, torna explicita a proteção da vacina por não ter desencadeado uma progressão da mortalidade de forma proporcional ao número de casos.

Aos empresários fica a necessidade de organização de suas corporações, alguns setores tem em menor proporção influência do trabalho remoto, pois suas atividades necessitam da presença física de seus colaboradores, como no agronegócio, varejo ou mesmo em linhas de produção industrial.  Em outros setores, como o financeiro, de marketing ou mesmo de tecnologia, o trabalho remoto não desestrutura a atividade fim.

Importante, a ponderação quando se observa o nível de contaminação no hemisfério norte, em especial nos Estados Unidos e até mesmo o fechamento de algumas unidades por uma contaminação mais massiva. Seria uma medida interessante? Adiar a volta ao escritório de uma forma mais cautelosa para não paralisar alguns setores?

E a saúde mental dos colaboradores? Muitos encontraram no trabalho remoto uma possibilidade de terem mais controle sobre suas rotinas e uma flexibilidade para poderem equacionar suas entregas. Outros já estão completamente desolados de ficarem em casa, sem estímulo e convivência com outras pessoas. Com consequente desinteresse pelo que podem querer fazer naquele dia tedioso e repetitivo, no qual sua única medida de referência é a diminuição do nível de comunicação em diversas plataformas, ou mesmo, perceberem que o relógio avançou muito e já constata o término daquele dia.

Sem as trocas de outros setores, ou mesmo, a tal conversa do cafezinho, a forma diretiva das calls esvazia a espontaneidade e centraliza a conversa na pauta, no roteiro e numa linha reta, sem que se tenham aquelas trocas mais rasas e necessárias. Muitos se queixam, da perda de criatividade, ou mesmo, um esvaziamento.

Em Portugal, uma pesquisa realizada pela Mercer (subsidiária da Marsh McLennan) constatou que 75 % das empresas estão buscando adequar uma maior flexibilidade das organizações por demanda de seus colaboradores. Neste sentido, para além do trabalho de casa, muitas estão desenvolvendo um modelo de “trabalho de qualquer lugar” e uma carga horária flexível. Dentre as 100 empresas portuguesas que participaram, 50 % declararam ter um planejamento de mudança dos espaços físicos de trabalho nos próximos 5 anos.

De alguma forma, algumas corporações para além de onde ficará seu colaborador, se percebem acuadas quanto a como engajar as pessoas sem que se tenha uma convivência de time, ou mesmo, um alinhamento maior da cultura daquela corporação. Muitos descobriram que a vida é rara, o tempo limitado e querem um propósito para ontem. Ficam no limbo querendo uma alta performance, em curto tempo, com ganhos expressivos para uma aposentadoria precoce.

Sem dúvida, o cenário é complexo, com uma equação que tem na engrenagem principal o comportamento humano com sua tão falível previsibilidade. Por mais que as análises apontem um “geral” do que o mercado sinaliza, será de ouro aquelas corporações que alinharem com seus times uma engrenagem que os valide de forma genuína.

Validar as práticas de uma política de saúde mental corporativa, com um suporte real do time e escalonamento conforme a necessidade real daquele indivíduo poderá ser tanto uma ação preventiva como de intervenção.  Assim, níveis de estresse podem ser cuidados antes que a maior pressão transborde em burnout, ou outros quadros de adoecimento emocional sejam adequadamente manejados.

 

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