Primeiro, as notícias chegavam da China e davam um certo alívio da distância das cenas. Ocorria uma certa preocupação quanto como um país tão centrado em sua produtividade estava assumindo restrições de tanto prejuízo. Sentíamos compaixão pelos chineses.
Wuhan fica na Àsia
Os dados quanto ao novo coronavírus (COVID-19) foram se estabelecendo mediante a epidemia da China, formas de transmissão e prevenção. A maior letalidade, restrita a alguns grupos, foi criando uma certa arrogância dos que assumiam se tratar de pessoas que nada sofreriam. A população brasileira foi se dividindo entre os “imunes” a letalidade, os que são “sensíveis” por terem algum familiar do grupo de risco e aqueles que constam como real grupo vulnerável. Lógico que uma imensa parcela da população ficou imune a toda esta construção simbólica, ou por não ter acesso a informação e mesmo por negação do cenário que se apresentava. Sentíamo-nos preocupados quanto ao COVID-19.
Milão não é São Paulo
Assim tivemos nosso carnaval. Quando em frenesi celebrávamos ser um país tropical e abençoados por Deus, será que o coronavírus sobreviveria ao nosso calor? Fizemos vários memes de nossa própria capacidade de superar as adversidades, ou apenas coloca-las nos nossos itens de convivência, como a dengue, Zika, sarampo e a sublimável desigualdade. Ali na Itália se instalava uma epidemia, bem delimitada e ao norte, ou seja, podíamos nos manter como turistas ao sul de Roma. Estávamos flertando com a chegada aos trópicos do COVID-19.
Jardins fica dentro de São Paulo
Em alerta, já acompanhávamos a trajetória do nosso tão aguardado caso de COVID-19 para chamar de brasileiro. Chegou de forma ilustre, cercado de pompa e confirmado em hospital de referência da medicina privada do país. Já podíamos começar a lavar a mão, ter nosso álcool gel em punho e usar máscara para selfs. Enfim, entramos para o cenário mundial. Ainda quem era viajante se apresentava como um fator de risco, ou seja, o brasileiro passou a se dividir entre os que haviam estado em viagem internacional e os que não. Mantínhamos nosso habitual distanciamento, entre os contatos dos que viajaram e os que nada tinham a ver com isso.
Mickey de férias
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o COVID-19 como uma pandemia. Sentimos que não se trata de notícias, mas que todos precisam estar envolvidos nesta prevenção. Nosso caro presidente, de máscara respiratória sinaliza que não podemos negar o impacto desta “gripe”. Com a Disney fechada amanhecemos mais cautelosos e zelosos por nossos pares. Será uma oportunidade para prova de fogo do coletivo?
Brasil, brasileiro
Alguns veem exacerbar seus próprios medos, alguns já alardeiam seus prejuízos, compartilha-se uma certa austeridade no cuidado da prevenção e surge um coletivo. O brasileiro precisa cuidar de si para proteger o outro. Um exercício ainda inédito na nossa tão pacata desigualdade. Sem Fake, com News, precisamos lavar as mãos por mim, por você, pelo Zé e pela Maria.
Não tem um jeitinho para chamar de nosso, pois precisamos ter não a medida do pânico ou descontrole, mas um compromisso com o outro. Chegou a hora de termos responsabilidade. O zelo pelo comum nunca esteve tão em alta. Bem-vindo COVID-19! Vamos nos esforçar para que sem “divisões” cuidar dos que são mais vulneráveis.
Segue um link do G1, com informações didáticas do COVID-19: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/02/27/coronavirus-veja-perguntas-e-respostas.ghtml?_ga=2.171135264.1871849715.1582812351-4fa269c4-4968-9f8e-fcdc-850696c6de1a ; link do Ministério da Saúde: https://saude.gov.br/