Quais são os impactos dos transtornos mentais na economia?
A nossa mente é capaz de realizar grandes coisas, no entanto, quando não estamos bem mentalmente e não buscamos ajuda, problemas maiores podem surgir, que afetam não só a nossa qualidade de vida e bem-estar, como também tudo aquilo que nos rodeia.
Segundo o Health Economics, uma em cada quatro pessoas no mundo será afetada por distúrbios mentais em algum momento de suas vidas. O aumento de transtornos mentais no mundo é preocupante não só para os indicadores de saúde, como também para a economia.
Mesmo com a saúde mental em pauta e a depressão sendo a maior causa de afastamento do trabalho, o investimento atual em prevenção e promoção de saúde mental é bem menor do que o ideal. Em média, os governos gastam somente 3% do orçamento voltado para a saúde para tratar da saúde mental da população.
Como já vimos em artigos anteriores, os transtornos mentais estão entre as principais causas de afastamento de trabalho e estão diretamente relacionados aos custos diretos para os indivíduos e para a sociedade.
Pensando nisso, trouxemos este tema, com o intuito de aprofundar o seu conhecimento sobre as consequências econômicas dos distúrbios mentais para uma sociedade. Não deixe de ler até o fim!
O que pode desencadear distúrbios mentais em uma pessoa?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, fatores como pobreza, desigualdade social e de gênero, desemprego, acúmulo de tarefas e pressão no trabalho – sem falar da pandemia e da sensação de incerteza diante de um novo vírus –, tendem a aumentar a prevalência de doenças mentais na população.
É sabido, portanto, que cerca de 50% dos adultos tendem a sofrer de doença mental em algum momento de sua vida. Mais da metade dessas pessoas sente sintomas de moderados a graves, os quais podem ser incapacitantes, ou não, sendo a depressão a principal de todas as doenças mentais que causam incapacidade.
Em países de baixa e média renda, de acordo com a OPAS/OMS, aproximadamente 76% e 85% das pessoas com transtornos mentais não recebem tratamento. Em países de alta renda, mais de 50% das pessoas com transtornos mentais estão na mesma situação.
Como os investimentos em políticas públicas são inexistentes – principalmente em países em desenvolvimento tal qual o Brasil – fica difícil acompanhar o crescimento acelerado das doenças mentais, utilizando-se de verbas públicas para oferecer à população condições mínimas de saúde emocional.
Como as doenças mentais afetam a economia mundial?
Em síntese, os custos aos cofres públicos e privados, relacionados aos transtornos mentais, são aqueles que impactam o sistema público de saúde como um todo, mesmo em menor intensidade e demandam outros gastos para o tratamentos de condições relacionadas à saúde mental.
Outros prejudicam a produtividade no trabalho, como afastamentos e faltas, assim como o presenteísmo – pessoas que vão trabalhar, mas não conseguem devido ao seu emocional fazer o necessário. Uma pesquisa revelou que, em 2015, problemas de saúde mental comuns (ansiedade, depressão e estresse) e problemas de saúde mental mais graves ( transtorno bipolar do humor, esquizofrenia, episódios psicóticos) foram a terceira causa mais importante de licença médica. Em 2015, descobriu-se que problemas relacionados à saúde mental levaram a aproximadamente 17,6 milhões de dias de licença médica.
Durante o evento “Fora das sombras: tornando a saúde mental uma prioridade global para o desenvolvimento“ realizado pelo Banco Mundial junto a Organização Mundial da Saúde, demonstrou-se a importância de alocar recursos financeiros no tratamento de doenças mentais, como a depressão, uma vez que impacta diretamente o desenvolvimento econômico de um país.
Colocando em números, entre 2008 a 2014, nos Estados Unidos, somente um dia afastado do trabalho representa, em um mês, uma queda de 1,84% na taxa de crescimento da renda per capita – resultando em US$ 53 bilhões a menos na renda total arrecadada.
No mais, de acordo com cálculos da Oxford Economics, estima-se que o PIB do Reino Unido em 2015 poderia ter sido mais de £25 bilhões acima do que era se não fossem as consequências econômicas dos problemas de saúde mental para indivíduos e empresas.
Por que implementar um programa de saúde mental nas empresas?
Felizmente, as doenças mentais vêm perdendo o estigma social para ganhar espaço nas mídias e em rodas de conversa, muito por conta do crescimento de casos na população, ocasionados, em sua maioria, pela pandemia, como dentro dos espaços de trabalho, sendo um ponto importante para garantir um lugar saudável e agradável de se trabalhar.
Por conta disso, as empresas precisam ter consciência de que a cultura organizacional impacta diretamente na saúde emocional das pessoas e o primeiro passo para mudar completamente o comportamento e abordagem das doenças mentais é a prevenção e a escuta.
Parece ser mais simples evitar que as coisas cheguem ao extremo, mas também é necessário criar espaços de acolhimento. E, para identificar se realmente esta é uma pauta de muita relevância para o seu quadro de funcionários, tente responder algumas perguntas:
- Como os líderes fazem a gestão das pessoas?
- Como são distribuídas as tarefas no meu time?
- O que estamos fazendo para melhorar a saúde mental dos nossos colaboradores?
Promover programas de bem-estar e ações voltadas para a saúde mental no trabalho reduz significativamente as chances da sua equipe desenvolver essas condições, como a depressão e o Burnout. É por isso que os programas de incentivo à saúde mental são tão importantes dentro de uma empresa.
Não há desculpas para ter colaboradores infelizes com tantas soluções para cuidar da saúde mental dos seus maiores ativos: as pessoas.
Leia também: A cultura empresarial e o bem-estar dos funcionários!
Principais causas de afastamento do trabalho
Não dá para ignorar que quem está passando por um momento difícil não consegue, muita das vezes, se deslocar até o trabalho e, quando consegue, não é tão produtivo quanto é necessário. Por isso, listamos as principais causas de afastamento do trabalho quando a saúde mental do seu colaborador não está normal.
Veja a seguir.
Depressão
Para a OPAS/OMS, a depressão é um transtorno mental comum, além de uma das principais causas de incapacidade no mundo todo. Em síntese, estima-se que 300 milhões de pessoas são afetadas por essa condição. No Brasil, cerca de 5,8% da população sofre com a depressão, segundo dados da OMS.
Com dados tão expressivos, podemos compreender o porquê da depressão ser a doença mental que causa mais afastamento no trabalho.
Dica extra: Se você quer entender um pouco mais sobre os sintomas e como identificar um quadro de depressão no seu time ou em algum amigo próximo, recomendamos este vídeo: depressão – procure tratamento logo no início!
Burnout
O Burnout é caracterizado por um desgaste tanto físico quanto emocional e pode causar afastamento do trabalho, sendo necessário que o indivíduo faça repouso absoluto, se isolando totalmente de suas tarefas diárias.
Por conta disso foi reconhecida como doença ocupacional, por estar relacionada diretamente ao ambiente de trabalho e garante os mesmos direitos trabalhistas e previdenciários
✅Entenda as semelhanças do Burnout e da Depressão com este vídeo, basta clicar aqui!
Estresse
O estresse no trabalho pode ser desencadeado por diversos motivos, como a carga de trabalho excessiva, muitas horas extras, metas impossíveis de serem alcançadas, falta de comunicação com o gestor e por aí vai.
Tudo isso ainda pode ser agravado com a falta de reconhecimento profissional, péssima remuneração ou condições de trabalho insalubres.
Como trabalhar a saúde mental nas empresas?
Diante de tudo o que foi apresentado aqui, fica evidente que cuidar da saúde mental contribui positivamente tanto para a qualidade de vida da população, bem como para o desenvolvimento econômico de uma nação.
Quando passamos por um momento difícil, seja ele o término de um relacionamento ou a perda de um ente querido, todas as pessoas do nosso círculo social, – ou seja, aquelas que compartilham momentos conosco – compartilham da mesma experiência, mesmo que indiretamente.
Assim, até os colegas de trabalho podem dividir esse momento, já que é difícil manter o ritmo acelerado e a produtividade quando a mente não está em seu melhor momento. Nesse cenário, a empresa tem um papel fundamental em garantir aos seus funcionários um ambiente saudável para se trabalhar.
Pensando nisso, listamos 5 iniciativas que qualquer empresa pode seguir para promover a saúde mental no trabalho. Vamos lá?
Ofereça benefícios de saúde mental
Sabemos que oferecer planos de saúde para seus colaboradores é uma importante ação, no entanto, que tal avaliar a inclusão de pacotes de benefícios ou ações diretas de saúde mental dentro do que a sua empresa oferece?
Redistribua as tarefas sempre que necessário
Sempre chega aquela época do ano em que as demandas de trabalho aumentam e isso pode gerar um desgaste enorme por conta da alta carga de atividades diárias que um funcionário possui, o que pode fazê-lo estender as horas trabalhadas ou até trabalhar em seu horário de descanso.
Promova a interação social
Ajudar a criar laços sociais também é importante. Nada de fomentar aquele clima de distância entre as pessoas, principalmente para pessoas que trabalham 100% à distância.
Mas, vale ressaltar que não é para reunir as pessoas do time somente para reuniões, organizar momentos de descontração é essencial para o bem-estar de todos.
Treine as pessoas em cargos de gestão
Ter pessoas capacitadas à frente dos setores importantes de uma empresa é imprescindível, porém, somente as capacidades técnicas para exercer a função não garantem um ambiente de trabalho seguro e saudável de se trabalhar.
Aqui, é importante lembrar que um erro do gestor pode afetar a saúde emocional de seus liderados, por isso, oferecer treinamentos com profissionais especializados e organizar palestras são bem-vindos.
Mensure os resultados
É importante perceber que os investimentos em saúde mental estão gerando retornos, não apenas financeiros, mas também no bem-estar das pessoas. Para isso, há técnicas e ferramentas que podem ser adaptadas para essa nova realidade.
Alguns indicadores mostram o quanto as iniciativas em saúde mental estão dando certo. Veja se os indicadores ajudam a visualizar os rendimentos das suas ações em saúde mental.
- A taxa de absenteísmo caiu ou continuou a mesma?
- Os afastamentos por doenças tiveram uma queda?
- A produtividade aumentou?
- Seus funcionários relatam que se sentem melhores?
Busque quem entende do assunto
Para fechar a nossa lista, não podemos deixar de falar o quanto é essencial buscar a ajuda profissional das pessoas certas. Isto é, conselhos de amigos queridos são bem-vindos, mas não tratam quem está adoecido emocionalmente.
Hoje está mais simples encontrar ajuda especializada e a sua empresa pode contar com uma consultoria personalizada para identificar pontos de atenção na saúde emocional das pessoas que compõem o seu quadro de colaboradores.
Investir em pessoas é tão eficiente para empresas quanto investir em aquisição e captação financeira. Afinal, a construção de times necessita de um alinhamento de valores em que possam se sentir a própria evolução, senão estas ações de saúde mental se tornam mais uma daquelas tarefas para encher a agenda e aumentar a sensação de sobrecarga.
Dessa forma, iniciativas simples como contratar uma consultoria de saúde mental podem fazer a diferença no dia a dia de trabalho, proporcionando seriedade para o tema que só um especialista pode oferecer.
Faça com que a sua empresa esteja pronta para ir além de palavras bonitas e por ações em prática, encontre o que precisa na nossa página de consultorias corporativas!