Um dos pesadelos de qualquer profissional dedicado é perder o interesse pelo trabalho. No entanto, esse é um fato corriqueiro e, infelizmente, um dos sintomas da Síndrome de Burnout.
Ao menos nos últimos três anos, em que muito se discutiu sobre a saúde mental no ambiente de trabalho, o termo burnout ganhou as rodas de conversas e as pesquisas online. Segundo um artigo publicado na Harvard Business Review, em maio de 2022, o número de procura no Google sobre os sintomas do fenômeno cresceu de maneira exorbitante entre os internautas norte-americanos.
Por isso, nota-se que o burnout está cada vez mais presente na vida laboral, principalmente com o aumento de sentimentos de estresse, incapacidade e insegurança no trabalho. No entanto, apesar de estar ganhando destaque recentemente, o emocional do trabalhador vem sendo abordado há cerca de 40 anos.
O primeiro a estudar o burnout foi Herbert Freudenberger, psicoterapeuta norte-americano. Em 1974, Freudenberger começou a notar que seus colegas estavam apresentando um quadro médico que incluía: desmotivação, dores nas costas, dores de cabeça, distúrbios gástricos, irritabilidade e tristeza. Além disso, estavam estressados e com dificuldades para enfrentar as tarefas cotidianas.
O burnout é um problema real e difícil de ser calculado porque ainda é um tabu entre o mundo corporativo. Contudo, os prejuízos podem ser contabilizados de acordo com alguns dados de órgãos oficiais. Por exemplo, em 2016, a Escola de Economia de Londres revelou que o Brasil perde US$ 63,3 bilhões por ano por conta de afastamentos ligados à saúde mental.
Outro fato preocupante é o divulgado pela International Stress Management Association (ISMA-BR), que apontou o Brasil como 2° país no mundo que apresenta a maior taxa de incidência de burnout. Já a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) afirma que a condição afeta 30% dos trabalhadores brasileiros.
Diante dos fatos expostos, é possível perceber o quanto a Síndrome do Burnout é um problema que permeia o ambiente de trabalho e atrapalha o desempenho de qualquer profissional. Desse modo, é vital que estejamos atentos para caso algum colega ou subordinado apresente os sintomas da síndrome. Saiba mais sobre o burnout, causas, consequências e tratamentos nas próximas linhas.
O que é burnout?
A Síndrome de Burnout aparece em profissionais inseridos em ambientes em que há alto nível de pressão, sobrecarga de trabalho e desgastes. De origem inglesa, a palavra “burnout”, em tradução livre, significa “queimar para fora”. Ou seja, pode-se dizer que Burnout é uma condição em que o paciente atinge tal nível de estresse que ele entra em colapso. Logo, algo que acontecia apenas no interior do profissional, atinge o físico, causando dores de cabeça e nas costas, por exemplo.
Dessa maneira, podemos definir o burnout como um completo esgotamento mental e físico, que acontece em consequência do estresse contínuo e exagerado no ambiente de trabalho. Portanto, é uma reação para sentimentos de cansaço emocional, desmotivação, e pressão. O profissional acometido pela doença perde a capacidade de realizar as atividades laborais e então, começa a apresentar baixa produtividade, ansiedade e depressão.
A questão é que o burnout é resultado de uma longa exposição de uma rotina estressante e, uma vez diagnosticado, não desaparece imediatamente. Assim, quando o trabalhador está em estado constante de cansaço, tem dificuldades em lidar com aspectos profissionais e pessoais, ou até mesmo se sente desvalorizado e sem função, pode ser que ele esteja com a Síndrome de Burnout.
Burnout ou estresse?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) 90% da população mundial é acometida pelo estresse. De fato, cotidianos estressantes são um dos principais fatores que levam ao burnout. Porém, é preciso considerar até que nível o estresse é algo corriqueiro e pode ser combatido, ou quando ele torna-se um inimigo da nossa saúde.
A OMS define o estresse como uma reação do corpo para os acontecimentos do dia. Desse modo, pode ser o indicador de uma doença ou uma condição imediata após algum fato externo, ligados ou não ao ambiente de trabalho. Igualmente, o burnout não é caracterizado como doença, mas um episódio diretamente relacionado ao clima laboral.
Tanto o estresse quanto o burnout possuem características semelhantes, é verdade, mas ambos exibem diferenças que não podem ser negligenciadas. Quando em uma crise de burnout, simplesmente pelo fato de estar inserido no ambiente de trabalho faz com que o funcionário fique ansioso e desgastado emocionalmente.
O estresse, por sua vez, é uma resposta natural que o nosso corpo se submete a momentos de tensão. Estes, podem ter relação com o exercício laboral ou não. É preciso, então, que as pessoas, se atingidas por um grave nível de estresse, fiquem atentas para verificar se não é sintoma para uma condição mais severa, como o burnout.
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Principais sintomas da Síndrome de Burnout
O esgotamento profissional é muito mais que um simples cansaço após um dia exaustivo na empresa. Entre as principais queixas dos acometidos pelo burnout está a incapacidade do profissional realizar mesmo a menor das tarefas.
Tal estado faz com ele comece a duvidar da própria capacidade, sinta-se triste e inseguro. O quadro é preocupante pois tem potencial para evoluir para doenças como ansiedade e depressão. Entre os sintomas mais contundentes de quem está passando por uma crise de burnout, estão:
- irritabilidade;
- esquecimentos;
- mudanças de humor;
- dificuldades no sono;
- problemas de concentração;
- dores no corpo e de cabeça;
- excesso ou falta de apetite;
- isolamento;
- pensamentos pessimistas;
- agressividade;
- baixa autoestima;
- apatia;
- o funcionário não sente mais prazer em atividades que gostava de realizar, como assistir um filme ou praticar um esporte;
- imunidade baixa;
- problemas gástricos.
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Como prevenir o burnout?
Pequenas alterações diárias na rotina são eficientes para prevenir uma crise de burnout. Veja ações que podem ser realizadas individualmente, e aquelas que devem ser adotadas por líderes e gestores de cada empresa.
Colaborador
Para evitar que seja atingido pelos sintomas do burnout, o trabalhador pode começar a praticar algumas atividades durante o dia.
Expor seus sentimentos
Se está com alguma preocupação em mente, é válido procurar alguém para ouvi-lo. É preciso que seja alguém de confiança, um profissional especializado (psicólogos e psiquiatras), colegas de trabalho ou familiares.
Às vezes, uma pessoa de fora que não está emocionalmente ligada àquele problema consegue enxergar soluções não percebidas pelo trabalhador. Por isso, é de extrema importância compartilhar suas emoções e não guardá-las para si.
Cultivar uma relação saudável com os colegas de trabalho
Os colegas de trabalho são pessoas com quem passamos boa parte do dia e, mesmo que a empresa adote um sistema de home-office, é possível estabelecer uma boa relação com a equipe. Esta parceria é saudável porque todos ali partilham de preocupações semelhantes e estão ligados por um mesmo propósito. Conversar e interagir ajuda o dia a ficar mais leve.
Férias ou recesso
Alguns trabalhadores chegam a ficar anos sem tirar férias, acumulando um cansaço sem medidas. É por isso que reservar ao menos uma ou duas semanas de férias pode ser tão revigorante. Um tempo longe do escritório também é uma boa opção para refletir sobre a vida profissional e decidir qual o melhor caminho para a sua saúde mental.
Boas noites de sono
Descansar após um dia puxado de trabalho é fundamental. Contudo, devido às atribulações do dia, muitas vezes o profissional encontra dificuldades de desconectar a mente do escritório. O resultado são noites mal dormidas ou insônia. Para resolver a questão, o ideal é adotar uma rotina antes de dormir. Ler um livro, evitar tomar cafeína ou açúcar ou realizar uma atividade relaxante, como meditação.
Mais sobre cultura empresarial: A cultura empresarial e o bem-estar dos funcionários
Empresa
Para evitar que os colaboradores de determinada empresa caiam nas garras do burnout, existem algumas aplicações auxiliares.
Pense na cultura empresarial
A cultura empresarial da corporação prioriza a saúde mental de seus colaboradores? Caso não, é preciso mudar essa realidade agora mesmo. Valorizar os funcionários com feedbacks positivos, benefícios, flexibilidade e autonomia são passos fundamentais.
Promover hobbies saudáveis
A prática de esportes, a leitura e a meditação ajudam para a melhora na produtividade e colaboram no emocional do indivíduo. Esses exercícios reduzem os níveis de estresse, fortalecem a autoconfiança e ampliam a capacidade cognitiva e de memória.
Ao decorrer do texto você viu que a Síndrome de Burnout é um problema real e precisa ser tratado com seriedade pelas corporações. Por isso, a fim de garantir o bem-estar dos funcionários, é preciso que gestores e líderes estejam atentos às questões emocionais.
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