Blockchain, criptomoedas, tokens não fungíveis: alguns termos que, embora ainda pareçam confusos para algumas pessoas, cada vez mais figuram entre os debates sobre o futuro da internet. E não apenas da internet, mas como também de como a sociedade reagirá aos novos tempos. A verdade é que o “mundo online” está em constante mudança, e às vezes pode parecer difícil acompanhar as novas tecnologias. No entanto, como elas afetam diretamente no ambiente de trabalho, escolar e social, é impossível não discutir sobre o assunto.
A internet tem mais de 30 anos, e durante esse período já se modificou várias vezes. A primeira fase, denominada Web 1.0, era caracterizada pela pouca interatividade e pela estaticidade das páginas. Sua sucessora, a Web 2.0, já era mais dinâmica, com a explosão das redes sociais e com todos os olhos voltados para as telas. Agora, nós estamos nos encaminhando para uma terceira fase: a Web 3.0, marcada pela Inteligência Artificial (IA), Realidade Aumentada (RA), Tokens não fungíveis (NFTs) e criptomoedas.
Quer saber mais sobre a Web 3.0 e quais seus impactos na saúde mental? Continue a leitura!
O que é Web 3.0?
A World Wide Web como conhecemos hoje praticamente revolucionou a forma das pessoas se relacionarem. Sem dúvidas, é um verdadeiro espaço para promoção de ideias, para a criação de entretenimento, comércio e, principalmente, para a comunicação. Contudo, com a facilidade de se estabelecer negócios milionários dentro da internet, vieram também algumas críticas acerca da centralização das empresas que detém grande parte das informações online. Com isso, fica aquela dúvida: existe mesmo a tal “liberdade” se a todo momento sofremos tentativas de manipulação no ambiente virtual?
Por isso, pesquisadores e profissionais que trabalham com a internet veem a Web 3.0 com bons olhos. Segundo eles, o novo momento da web irá descentralizar o poder dos conglomerados empresariais, já que a tecnologia blockchain permite mais segurança dos dados ao mesmo tempo em que cria blocos de interação entre os usuários. No entanto, a chegada da Web 3.0 também pode causar grandes impactos na cognição e na saúde mental das pessoas, uma vez que dificulta a autonomia e expõe o indivíduo a uma constante sensação de insuficiência.
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O lado sombrio da Big Data
A Big Data se refere a um grande volume de dados armazenados online, que são analisados e interpretados por softwares e hardwares. Desse modo, qualquer dado que está disponível online, que não seja sigiloso, pode ser alcançado pelo Big Data. Logo, as informações que estão no ambiente virtual podem ser utilizadas conforme os interesses dos usuários. Assustador e maravilhoso, o Big Data veio às nossas vidas para ficar, mas é preciso ter cuidado com o modo em que o utilizamos.
Com a Big Data, as empresas encontram um vasto espaço para criar estratégias de crescimento, se estas envolverem análises de dados e conclusões baseadas nelas. Portanto, o que está disponível na rede mundial de computadores está a um passo de ser acessado por uma pessoa, estando ela em qualquer região do planeta. Um exemplo de Big Data é o YouTube, que armazena diversos vídeos em um banco de dados.
Dentro da Big Data, está a Inteligência Artificial (IA), tecnologia que revolucionou todos os aspectos da sociedade. A IA, por mais que tenha sido projetada para imitar a mente humana, por vezes pode até ultrapassar o próprio indivíduo que a criou, já que consegue atingir lugares remotos com uma rapidez surpreendente, algo que nós não conseguiríamos. Assim sendo, a Inteligência Artificial carrega uma aura sedutora, capaz de fechar os olhos da população para o seu lado sombrio, que pode minar o pensamento e formar pessoas alienadas.
Quanto a forma de uso as pessoas podem o realizar com crítica ou sem crítica. Dentro da alienação completa estão aqueles que não têm dimensão do que suas atividades podem ter a influência destes conglomerados de dados com iscas de comportamentais em diferentes aspectos de suas vidas. Uma vez que muitos para além do trabalho acabam usando as interfaces de aplicativos ou plataformas até mesmo para escolherem seus pares amorosos.
No início dos anos 2000, o especialista Doug Laney compilou em um artigo a definição mais moderna sobre a Big Data. Segundo ele, a Big Data pode ser resumida em 5 V’s: volume, velocidade, variedade, variabilidade e vínculo.
Confira o que significam cada um deles:
Volume
Em média, cerca de 2,5 quintilhões de dados são criados, fato que promove um volume de informações inimaginável. Em um piscar de olhos, surgem interações nas redes sociais, sites, blogs, cliques e históricos de compras. A quantidade é tamanha que logo surgem as demandas de armazenamento e análise, que são facilitadas pelas ferramentas virtuais.
Velocidade
Os dados são compartilhados, armazenados e baixados praticamente na velocidade da luz. Além disso, as informações chegam de diversas fontes, o que torna necessária a checagem rápida e segura em tempo real.
Variedade
As informações na internet surgem de variados formatos, tamanhos e cores. Textos, vídeos, imagens e planilhas que precisam ser guardadas de maneiras distintas.
Variabilidade
Conforme surgem novos dados, as informações mudam e na maioria das vezes não são coerentes.
Vínculo
Nessa explosão de informações, é difícil controlar os dados necessários. Portanto, deve-se criar vínculos entre eles, de forma a interligar os elementos.
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A economia digital e a saúde mental
Um dos fatores que mais auxiliam na ascensão da economia digital é a rapidez com que as informações são propagadas. Em menos de um minuto, no Brasil, um empresário pode realizar um investimento milionário em uma empresa no Japão.
Com isso, as antigas noções de espaço e tempo vão se extinguindo aos poucos. Isso acontece porque, em um mundo totalmente conectado, praticamente todas as pessoas na Terra podem ser alcançadas em questão de segundos.
A rapidez com que um negócio é realizado acaba por gerar um sentimento de urgência, o que faz com que as pessoas sintam-se cada vez pressionadas a fechar prazos em curtos períodos de tempo. Essa “pressa” em realizar tarefas cada vez mais rapidamente, além da necessidade de se sentir produtivo a todo momento, pode afetar significativamente a saúde mental do trabalhador.
Há ainda um problema que pode ser chamado de “Zero Sales Resistance”, cunhado pelos autores Giuseppe Riva, Brenda K. Wiederhold e Sauro Succi. Em tradução livre, significa “zero resistência à vendas”, que seria o “pensamento preguiçoso”. Ou seja, somos bombardeados de novas informações na internet a cada segundo, informações estas que podem ser verídicas ou não. No entanto, como o homem contemporâneo vive correndo e quase não tem tempo livre, fica muito mais vulnerável a manipulações que muitas vezes passam despercebidas.
Muitos podem acreditar que a Inteligência Artificial está apenas nas tecnologias mais sofisticadas, usadas apenas por conglomerados empresariais ou pelos governos. Mas isso é um erro. A IA está em toda a parte no nosso cotidiano, desde algoritmos de reconhecimento facial até o funcionamento de carros automáticos ou semiautomáticos.
No mais, o controle dos dados dos usuários online é extremamente perigoso se você não souber protegê-los. Robôs do Google ou Facebook, por exemplo, são capazes de cruzar as informações que o próprio indivíduo fornece, porém como essas empresas usam tais informações ainda não é totalmente claro. Todos esses fatores nos fazem questionar as políticas de ética, transparência e confidencialidade de corporações ligadas à internet.
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Comportamento de manada
Todas essas reflexões nos levam a um termo que na psicologia é chamado de “comportamento de manada”. O termo faz referência aos animais que, no instinto de sobrevivência ou senso de perigo, se unem como forma de proteção.
Isso também acontece com os humanos, que possuem tendência a seguir um líder com grande capacidade de influência, ou até mesmo um grupo que forneça ideias que lhe pareçam agradáveis. Mas ao compactuar com as ideias de determinado influenciado ou grupo, a pessoa pode não passar por uma reflexão individual.
Em cenários duvidosos e na pressa por “clicar” ou irem para a próxima decisão, muitos acabam não percebendo que nem se deram conta do que executaram.
Pensamento crítico
É inegável que, tanto a Inteligência Artificial, quanto a Big Data são extremamente importantes para a economia digital. Contudo, ainda não foram capazes de resolver alguns dos maiores problemas da humanidade, como as guerras, a cura de doenças ou problemas ambientais. Para isso, nada supera o cérebro humano, já que necessitam uma mistura de raciocínio e intuição: as chaves para o pensamento crítico.
Por mais que as máquinas pareçam ser superpoderosas, elas estão longe de atingir uma das maiores características do ser humano: a consciência. De acordo com o historiador israelita Yuval Harari no livro “21 Lições Para o Século 21”, as novidades tecnológicas fazem com que o homem comum sinta-se cada vez mais insignificante, já que os computadores realizam tarefas antes realizadas pelos humanos. Dessa forma, é imprescindível a reflexão acerca do futuro da Big Data e da Inteligência Artificial, para que o futuro não seja formado por mentes “preguiçosas”. Para que consigamos superar os maiores conflitos atuais, precisa-se de pesquisadores, cientistas, professores e pensadores, que possam colaborar com as máquinas, e não serem subordinados a elas.
No decorrer do texto, você percebeu como é importante refletir sobre as mudanças tecnológicas, para que as nossas capacidades cognitivas não “atrofiem”. Gestores e líderes, para que o quadro de funcionários tenha uma qualidade de vida digna e consiga se desenvolver, devem ter sensibilidade para as questões emocionais. Se este é um assunto do seu interesse, saiba como o Portal da Mente pode contribuir na sua jornada em saúde mental.