Até a segunda metade do século 20, grande parte dos empresários acreditava ser impossível conciliar políticas sustentáveis com a obtenção de lucros. No entanto, hoje sabe-se que a preocupação com pautas sustentáveis não atrapalham os negócios. Muito pelo contrário: pesquisas afirmam que empresas que encaixam a sustentabilidade na sua cultura empresarial são mais bem sucedidas.
Por isso, empresas que se preocupam com o meio ambiente, causas sociais como a diminuição da pobreza, a fome e a desigualdade entre os gêneros, se enquadram na métrica ESG (Environmental, Social, Governance). Em tradução livre, a sigla significa Ambiental, Social e Governança. Ou seja, está relacionada com as condutas ambientais, sociais e ambientais de uma empresa.
Desse modo, ESG revela o quanto uma corporação se esforça para suavizar os impactos que causa ao meio ambiente. Igualmente, essas métricas ajudam a verificar quais são as políticas da empresa que ajudam a construir um mundo com menos desigualdades e que se preocupe com a comunidade.
Quer saber mais sobre ESG e como ela funciona na prática? Continue a leitura!
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História da ESG
O termo foi utilizado pela primeira vez em 2004, por meio de um artigo publicado pelo Pacto Global em parceria com o Banco Mundial. A publicação chamava-se “Who Cares Wins” (Quem se importa vence), e se tratou de uma provocação de Kofi Annan, secretário-geral da ONU à época, para 50 CEOs de instituições financeiras renomadas.
No mesmo período, a UNEP-FI (Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) divulgou o relatório Freshfield, o qual discorria sobre a relevância do ESG para a avaliação financeira.
ESG hoje
As métricas de ESG têm ganhado notoriedade nos últimos anos, e cada vez mais grandes empresas adotam essas práticas. Assim sendo, os índices ambientais, sociais e de governança passaram a ser integrados em relatórios, nas relações com investidores e nas análises de risco. Esse fato, portanto, aumentou a pressão sobre os ombros do setor empresarial, que deve estar atento com as novas tendências.
A verdade é que, cada vez mais, as pessoas desejam consumir produtos de empresas que se importem com a sustentabilidade. Segundo um levantamento feito pela agência Lew’Lara/TBWA, em parceria com a DCode, 42% dos entrevistados afirmaram que iniciativas em prol do meio ambiente influenciam muito na decisão final de compra.
Os investidores também consideram a ESG no momento de optar por investir em determinada empresa ou não. De acordo com a sexta edição da Pesquisa Global com Investidores Institucionais da consultoria internacional EY, 74% dos investidores afirmam que, após a pandemia, se tornaram mais inclinados a desfazer negócios com empresas se as métricas de ESG forem baixas.
Portanto, percebe-se que, se uma corporação ainda não se ateve às métricas de ESG, é urgente que comece a olhar para estas questões.
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Para entender melhor sobre o assunto, confira a seguir o significado de cada palavra da sigla ESG:
Ambiental (Environmental)
A letra E está relacionada com as ações de uma corporação no que se refere à conservação do meio ambiente. Entre os temas que entram nesse tema, estão: aquecimento global e emissão de carbono, poluição do ar e da água, desmatamento, falta de água, biodiversidade e gestão de resíduos.
Na prática, para atender essa pauta a empresa pode seguir os seguintes procedimentos:
- Reduzir o uso de plástico nos produtos ou fabricar embalagens recicláveis;
- Adotar o uso de papéis recicláveis nos escritórios e tentar diminuir a quantidade de documentos impressos, hoje a maioria dos documentos pode ser enviada e armazenada de forma online;
- Empregar energias limpas e renováveis, como a energia solar
- Adotar métodos de reciclagem ao retirar do escritório copos descartáveis;
- Fazer a separação correta do lixo e resíduos;
- Conscientizar os funcionários sobre o desperdício de água.
Social (Social)
A letra S se preocupa com as questões que envolvem a comunidade. Como é a realidade das pessoas que estão envolvidas com a empresa de alguma forma. A satisfação dos clientes, a diversidade do quadro de funcionários, o engajamento dos funcionários, o respeito às leis trabalhistas e aos direitos humanos, por exemplo, se enquadram nesse objetivo.
Na prática, para atender essa pauta a empresa pode seguir os seguintes procedimentos:
- criar plataformas para medir a satisfação dos clientes;
- preocupação em montar um time diverso;
- promover a proteção de dados e privacidade;
- incentivar o engajamento entre os funcionários;
- respeitar as leis trabalhistas e os direitos humanos;
- realizar campanhas de prevenção a acidentes;
- construir um ambiente acolhedor para mulheres conciliarem carreira e maternidade;
- fornecer benefícios como vale-alimentação e planos de saúde;
- preocupação com a saúde mental dos colaboradores, promovendo palestras e consultorias;
- ter um canal aberto e seguro de diálogo entre funcionários e lideranças;
- Contratar consultorias de saúde mental;
- planejar projetos sociais com a população local.
Para solucionar problemas de saúde mental na sua empresa, a consultoria corporativa pode ser de grande ajuda. Dentro do cenário corporativo, encontrar pontos críticos na saúde emocional favorece ações assertivas para melhorar o clima organizacional.
Governança (Governance)
E por último, temos a letra G de Governança, ligada diretamente com a administração de uma empresa. Essa parte da ESG é referente à composição do conselho, uma equipe preparada para denúncias, à conduta corporativa, à remuneração dos executivos, e à ligação com entidades do governo ou políticos.
Na prática, para atender essa pauta a empresa pode seguir os seguintes procedimentos:
- Desassociar questões pessoais dos recursos da corporação, para que nenhum sócio, gestor ou funcionário use bens da empresa para fins próprios;
- montar uma organização de comunicação entre os proprietários, por meio de assembleias e reuniões periódicas; também é imprescindível estabelecer pautas, agendas, atas e documentação dos encontros;
- criar um conselho administrativo em plena atuação, que priorize o planejamento estratégico e os resultados da corporação;
- realizar a contratação de auditorias independentes, garantindo que a empresa está de acordo com questões éticas e legais;
- verificar a integridade de colaboradores ou fornecedores terceirizados;
- montar um canal ativo de denúncias;
- promover programas de prevenção à corrupção;
- escrever um código de conduta formal, de forma escrita, com os valores, missão e visão da empresa;
- agir com transparência em todas as ações da empresa, divulgando as informações ao público.
Responsabilidade Social Corporativa (RSC)
A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é a ideia de que a empresa se preocupe verdadeiramente com a comunidade em que está inserida. Além disso, é preciso que a corporação tenha metas e políticas que sejam favoráveis ao meio ambiente. A contribuição de uma empresa é fundamental para o enfrentamento da atual crise climática, ampliada pela pandemia. Portanto, uma união entre sociedade, mercado econômico e órgãos públicos fará com que encontremos novas soluções para um mundo melhor para todos.
Investimento Socialmente Responsável (ISR)
Como foi dito anteriormente, nos últimos anos as métricas ESG têm se tornado um dos principais parâmetros na decisão final de um investidor. Entre os principais motivos para isso, estão alguns fatores como o engajamento para garantir reformas sociais, a diversidade e inclusão, por exemplo. Ademais, uma corporação que carrega um bom desempenho ESG apresenta melhor lucratividade a longo prazo.
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ESG e a saúde mental do trabalhador
Com a pandemia do Covid-19, o adoecimento da mente no ambiente de trabalho cresceu ainda mais. Longas jornadas de trabalho, pressão psicológica, excesso de tarefas e problemas financeiros foram responsáveis pelo esgotamento emocional de milhares de pessoas ao redor do mundo. Tais fatores apontam para uma preocupação comum: a saúde mental dos trabalhadores. A verdade é que, profissionais acometidos por alguma doença ou transtorno mental causam um enorme impacto econômico, além da rotatividade de funcionários.
Por isso, olhar para a saúde mental é um importante pilar do ESG, já que o Social está diretamente ligado ao bem-estar dos colaboradores. O conceito de ESG está muito ligado às questões da mente, que são cada vez mais relevantes para o sistema organizacional de uma empresa.
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A saúde mental se encaixa perfeitamente na parte Social, mas pode ser associada aos outros componentes também. Quando falamos em meio ambiente, podemos relacionar com os efeitos que vêm com a poluição e as mudanças climáticas, que consequentemente afetam a saúde das pessoas. Já no que se refere à Governança, podemos relacionar com a importância da corporação oferecer atendimentos psicológicos aos funcionários. Do mesmo modo, é preciso que as empresas trabalhem a saúde mental dos colaboradores, promovendo iniciativas que reflitam sobre o assunto.
Além disso, é preciso criar um ambiente de trabalho saudável e que acolha cada indivíduo. Pensar em boas práticas de saúde mental engloba diversos fatores, como: programas de diversidade e inclusão, práticas de integração de equipe, canais de escuta, planos de carreira, entre outros.
No decorrer do texto, você percebeu como a sigla ESG é importante para uma empresa e como se relaciona com a saúde mental. Gestores e líderes, para que o quadro de funcionários tenha uma qualidade de vida digna e consiga se desenvolver, devem ter sensibilidade para as questões emocionais. Se este é um assunto do seu interesse, saiba como o Portal da Mente pode contribuir na sua jornada, com conteúdos sobre saúde mental. Caso queira soluções para a sua empresa, busque as palestras e consultorias corporativas ministradas pela médica psiquiatra Maria Francisca Mauro.