Janeiro Branco: precisamos falar sobre saúde mental

Um novo ano se inicia e com ele 365 novas oportunidades de mudar, crescer, evoluir, corrigir os erros dos anos anteriores e repensar atitudes e ações para um novo caminho.

O mês de janeiro carrega a marca de um período onde as renovações e o sentido de esperança estão aflorados, onde todos buscam novas metas e objetivos.

Neste sentido nasce a Campanha Janeiro Branco, pensada estrategicamente para o início do ano, um período de reflexão e autoanálise, que serve de inspiração para as pessoas que buscam preencher suas páginas em branco. 

A campanha foi idealizada em 2014, por um grupo de psicólogos mineiros, e desde então ganhou uma repercussão nacional com muitas entidades, empresas e a sociedade propagando a saúde mental como uma importante pauta para se iniciar o ano. 

A saúde mental engloba esse momento de mudança, com o objetivo de incentivar a busca por equilíbrio, por qualidade de vida, física e psicológica, resgatando muitas vezes o desejo de uma vida mais tranquila, uma rotina menos carregada e mais saudável.

A mente absorve as expectativas e sonhos construídos e as torna um alvo, algo para se segurar e buscar apoio e estímulo no decorrer dos meses seguintes. O cuidado com a saúde mental faz parte desse período reflexivo, pois é neste momento que nos concentramos em buscar melhorias para nossa vida e analisar o que precisamos mudar.

Mas para entendermos um pouco mais sobre essa importante campanha, precisamos compreender também o que é saúde mental e qual a sua real importância ao longo dos 12 meses do ano.

O que é saúde mental?

Saúde mental é um dos temas mais buscados pelas pessoas, principalmente ao longo dos últimos anos, quando o mundo inteiro enfrentou e ainda enfrenta, um período de grande instabilidade. Esse termo nada mais é do que a descrição do nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional, assim como a ausência ou não de uma doença mental. 

Como assim? A qualidade de vida é um parâmetro mais objetivo para medir o nível de satisfação do indivíduo tanto para sua saúde física como mental. Porém a percepção de si mesmo, suas emoções e a forma como enxerga a realidade a sua volta, também definem o conceito de saúde mental.

Importante ressaltar que alguns quadros de adoecimento emocional são “emoções sentidas” de forma desencontrada que desencadeiam pensamentos “ruins”. Também podendo ocorrer em alguns quadros distorções do que acontece na realidade externa.

Entre os quadros de adoecimento emocional mais conhecidos estão a ansiedade, depressão, síndrome do pânico, transtorno bipolar, distúrbios alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e outros quadros psiquiátricos Neste contexto da doença emocional, o psiquiatra é o profissional habilitado para sua identificação e o planejamento de tratamento.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ansiedade, por exemplo, afeta 18,6 milhões de brasileiros e os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número de pessoas incapacitadas nas Américas. Sem contar outros transtornos que se mostraram alarmantes em diversas partes do mundo.

A OMS afirma também que os números de depressão no mundo giram em torno de 300 milhões, e as implicações da doença colaboram diretamente para o prelúdio de novas patologias crônicas. Podendo contribuir, portanto, para um aumento expressivo de peso corporal, hipertensão arterial, diabetes e mesmo dor crônica.

Leia também: Saúde mental: saiba o que é e como tratá-la?

Fatores de desenvolvimento de doenças mentais

Quando falamos sobre fatores predisponentes a transtornos mentais, precisamos separá-los em três grupos: os fatores biológicos, ambientais e emocionais. Essa segmentação ajuda a compreender a fundo as causas da doença e/ou a propensão a desenvolvê-las.

Causas biológicas

  • Genéticos ou hereditários: genes que passam pelas gerações ou que possam ter influência no desenvolvimento dos transtornos mentais;
  • Pré-natais (durante a gestação): condições da gestação, como os fatores emocionais, sociais, econômicos, consumo de álcool e drogas e etc;
  • Perinatais (durante o parto): fatores em que podem ocorrer por meio de danos neurológicos devido a um traumatismo ou a falta de oxigenação do tecido cerebral;
  • Neuro-endocrinológicos: mudanças hormonais que podem influenciar o humor;
  • Doenças orgânicas: como as infecções, traumatismos, intoxicações. Na realidade, algum agente infeccioso, ou externo, que provoque algum dano no organismo e consequentemente tenha ação de mudanças no comportamento

Causas ambientais

  • Social: as interações que temos com o outro, sejam pessoais ou profissionais;
  • Cultural: o sistema de regras no qual estamos envolvidos, com a dissociação do certo e do errado;
  • Econômico: os fatores como a miséria, baixa escolaridade, desemprego, queda do poder de compra que podem levar a um aumento da tensão do dia a dia.

Causas emocionais

  • Luto, ou uma perda de algo que era estrutural para aquela pessoa, como sua casa, ou rotina (saída de casa, encontro com amigos, ambientes de socialização);
  • Decepções e frustrações, quando são experimentadas sem que a pessoa as elabore;
  • Insegurança e baixa autoestima;
  • Traumas e experiências negativas acentuadas;

Como saber se a saúde mental está em risco?

Antes de qualquer coisa, é imprescindível que se tenha ciência da importância de um diagnóstico médico adequado para cada caso. Nenhuma constatação deve ser feita com base em pesquisas isoladas e achismos, afinal a saúde mental é uma área delicada e variável, que leva em consideração diversos fatores.

O que se pode perceber são as mudanças de hábitos e pensamentos ao longo do tempo, que apontam para oscilações e/ou uma pressão constante que afetam todos os ambientes da sua vida. Como, por exemplo, fatores profissionais que influenciam diariamente no âmbito pessoal.

Para te ajudar a compreender o que está acontecendo com você, listamos alguns comportamentos, geralmente comuns, em pessoas que estão com a saúde mental em risco. Continue a leitura do artigo para entendê-los e observe se eles fazem parte do seu cotidiano. 

Atividades preferidas perdem a graça

O estresse do dia a dia pode afetar diretamente sua rotina e neste ponto seus hobbies favoritos começam a perder a graça. Isso pode ser o indício do esgotamento mental.

Se cansa fácil das coisas

A quantidade de tempo não diminuiu, mas mesmo assim você não consegue dar conta de todas as suas atividades e isso tem agravado com o tempo. Você se sente fraco, como se estivesse exausto demais, até mesmo com rotinas menores.

Tem preguiça de contatos sociais

Você sempre gostou de ter pessoas por perto e socializar, mas de repente esse contato tem te deixado incomodado com frequência.  Como consequência, você sabota os compromissos sociais e se distancia.

Sono desregulado

Às vezes você dorme cedo, em outros momentos troca o dia pela noite e em alguns casos você é surpreendido pela insônia. O home office, por exemplo, pode colaborar para essa rotina desregulada comprometendo sua produtividade e bem-estar emocional.

Nervosismo

Desde o período da manhã você sente uma angústia, um nervosismo muito grande e isso atrapalha seu desempenho nas atividades diárias, persistindo sem nenhum motivo ou compromisso específico. 

Falta de concentração

O seu foco desaparece facilmente. Durante uma leitura, por exemplo, você precisa retomar o mesmo trecho várias vezes para compreender. Se isso se repete em várias atividades, você pode estar esgotado, o que interfere na sua concentração, motivação, memória e atenção.

Impulsividade

Você se dedica às atividades compulsivamente, como jogos, comer demais e compulsão na hora das compras. Esses comportamentos são adotados para tentar compensar a insatisfação gerada por problemas não resolvidos.

Veja também:

Como buscar ajuda em saúde mental?

Muitas pessoas ainda têm dificuldade em lidar com suas emoções e sentimentos. Buscar ajuda para possíveis transtornos mentais é uma atitude isolada, seja por medo, insegurança, vergonha ou ceticismo. 

Muitas vezes a instabilidade emocional é velada e escondida, como se fosse uma fraqueza, um defeito do indivíduo e em meio a isso a doença se manifesta por certos sintomas, começa a crescer incontrolavelmente e vai assumindo as rédeas da sua vida.

Conversar abertamente sobre experiências e sentimentos não é uma tarefa fácil, mas essa abertura é a melhor maneira de lidar diretamente com o problema e chegar a sua raiz. De modo geral, esse é um processo gradativo e que demanda paciência. É como se conhecer novamente e assumir suas fragilidades, empenhando-se em lidar com os problemas.

Para te ajudar nessa missão, busque pelo acompanhamento de um profissional qualificado, em especial o médico psiquiatra para realizar a delimitação de um sofrimento o qual possa ser definido como “doença mental” ou um sofrimento emocional, que não se enquadra como diagnóstico. Simples? Nem tanto. Por isto a importância de ser corretamente avaliado.

Esse acompanhamento faz toda a diferença no processo de recuperação e é a partir deste contato que um diagnóstico e um tratamento podem ser adotados de forma responsável. Aos que estão sofrendo, sem que isto seja um “diagnóstico”, também poderão se beneficiar do tratamento através do suporte de psicólogos. 

Portanto, os médicos psiquiatras e psicólogos são pilares importantes da área de saúde mental. Além destes, outros profissionais como os enfermeiros, técnicos em enfermagem, nutricionistas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, e outras categorias profissionais também são importantes agentes nesta corrente de cuidado à saúde mental. 

Aqui em nosso portal, temos uma área especial, onde mapeamos os locais de ajuda em saúde mental mais próximos. Clique aqui, faça sua pesquisa e cuide do seu bem-estar emocional. 

Gostou do artigo? Como anda a sua saúde mental? Não tenha medo de buscar ajuda, assuma o controle da sua vida em todos os meses do ano e se torne quem você mais admira.

Veja também o post anterior: Síndrome do pânico ou ansiedade: saiba identificar

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