Qual a importância da saúde mental no trabalho?
As empresas precisam ser competitivas para sobreviverem no mercado, enquanto isso, o colaborador precisa estar em constante atualização para manter o seu emprego. Mas, onde fica a saúde mental e qualidade de vida? Por que ainda é importante falar sobre saúde mental no ambiente de trabalho?
Como bem sabemos, a saúde mental é um tabu para a nossa sociedade, sendo, na maioria das vezes, associada a perda do juízo e lucidez com um viés altamente preconceituoso. De certo modo, esta desinformação impede que as pessoas busquem ajuda.
Neste artigo, buscamos abordar o assunto com a seriedade e profundidade que ele exige. Continue a leitura e saiba quando é a hora de buscar ajuda especializada!
Por que precisamos falar sobre saúde mental no ambiente de trabalho?
Para muitos, o trabalho é o mais importante na vida, é que consome a maior parte do nosso tempo, onde gastamos mais horas no dia, aquele possibilita que as contas sejam pagas no fim do mês e por aí vai.
No entanto, nem todos os ambientes de trabalho são saudáveis. A exemplo do Call Center em que os colaboradores estão sob estresse constante, seja por parte da liderança e supervisão, ou pelo contato direto com clientes insatisfeitos, a falta de opção de permanecer no trabalho ou sair pode desencadear quadros de ansiedade e depressão – os maiores causadores de afastamento no trabalho nos últimos anos.
Neste contexto, para o Relatório de Saúde Mental da Mindshare, em parceria com a Qualtrics e a ServiceNow em 2021, 78% dos Millennials (50% em 2019) e 81% da Geração Z (75% em 2019) deixaram suas funções por motivos de saúde mental, voluntária e involuntariamente, em comparação com 50% dos entrevistados no geral (34% em 2019).
Esses dados nos mostram que o estado psíquico do indivíduo influencia em suas atividades laborais por conta das funções exercidas, com isso, o empregador precisa assumir o papel de corresponsabilidade sobre a saúde mental do trabalhador. Mas, como cobrar esse posicionamento das grandes organizações?
Por mais que a pandemia tenha colocado a questão da saúde mental no foco, ainda há muito tabu relacionado a ela. Muitas vezes, a falta de informação adequada impede que as pessoas busquem ajuda.
Pandemia e trabalho remoto
A pandemia da Covid-19 teve grande impacto na saúde mental de pessoas mais vulneráveis, como jovens, mulheres e indivíduos com menor poder aquisitivo e socioeconômico.
Além disso, manteve as pessoas dentro de suas casas e reafirmou o trabalho remoto como uma nova modalidade de trabalho. Por sua vez, o teletrabalho trouxe consigo a sobrecarga de funções, principalmente para mulheres com filhos e famílias muito grandes.
Porém, não é diferente para quem mora sozinho, já que o número de reuniões aumentaram, assim como as horas trabalhadas. Ainda mais ser interrompido pelo carro do ovo, choro dos filhos, o latido do cachorro, obras na casa do vizinho, então, tornou- se parte do dia a dia no trabalho remoto.
Com a casa incorporada ao ambiente de trabalho, as pessoas precisam encaixar as atividades domésticas e o cuidado com a família no meio das horas trabalhadas.
Quando o trabalho afeta a saúde mental?
O adoecimento mental no ambiente de trabalho pode se manifestar de diversas formas. Algumas doenças são mais conhecidas do que outras, mas o denominador comum entre elas é a atividade laboral. Desse modo, fica evidente a importância da saúde mental no ambiente de trabalho.
Burnout
A Síndrome de Burnout é caracterizada por desgaste físico e emocional. Logo, o termo “Burnout”, de origem inglesa, designa algo que deixou de funcionar por exaustão de energia.
Para entender melhor o que essa doença representa, separamos um exemplo fácil de entender: muitos projetos surgindo, acúmulo de tarefas, as demandas aumentando e, com isso, houve um aumento da pressão psicológica no trabalho.
Por um lado, o desgaste emocional dos trabalhadores pode provocar quadros psíquicos graves como a ansiedade e a depressão que podem ser desencadeados por momentos de maior pressão. Por outro, pode ocorrer quando o adoecimento emocional especificamente relacionado ao ambiente de trabalho ou até mesmo ao desemprego, configurando o diagnóstico de Burnout.
De acordo com a Revista Brasileira de Medicina no Trabalho, os sentimentos de esgotamento emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho são característicos da Síndrome de Burnout. Veja mais sobre essas sensações a seguir:
➔ Exaustão Emocional
Ocorre quando o indivíduo percebe não possuir mais condições de despender a energia que o seu trabalho requer. Algumas das causas apontadas para a exaustão são a sobrecarga de atividades e o conflito pessoal nas relações de trabalho, entre outras.
➔ Despersonalização
Essa é considerada uma dimensão típica da Síndrome de Burnout, sendo o elemento que a distingue do estresse. A princípio, apresenta-se como uma maneira do profissional se defender da carga emocional derivada do contato direto com o outro em sua atuação profissional.
➔ Redução da Realização Profissional
Essa ocorre na sensação de insatisfação que o indivíduo passa a ter com si próprio e com a execução de seus trabalhos, derivando daí sentimentos de incompetência e baixa autoestima.
Boreout
Se a sobrecarga de trabalho pode levar ao esgotamento físico e mental, a falta de trabalho pode desencadear a Síndrome de Boreout, que acontece quando estamos entediados com o trabalho a ponto de achá-lo sem sentido.
Um chefe centralizador que não sabe delegar tarefas, uma coordenadora que concentra todos os projetos em si e não inclui seus liderados bem como tarefas repetitivas e mecânicas podem desmotivar uma pessoa. Com o tempo, a falta de desafios deixa o colaborador em tédio crônico, desmotivado com as próprias funções.
Este tédio constante no trabalho foi definido como síndrome por dois escritores suíços em 2007 – o filósofo Peter R. Werder e o consultor de negócios Philippe Rothlin. Estudos mostram que a depressão causada pelo tédio pode acompanhar os trabalhadores do escritório até em casa, muitas das vezes, manifestando-se em sintomas físicos como insônia e dores de cabeça.
Uma vez identificado, é preciso buscar ajuda especializada e encontrar um propósito, revendo como você enxerga o seu papel dentro da empresa.
Absenteísmo e Presenteísmo
Com toda certeza, você já ouviu falar do absenteísmo, não é mesmo? Esse fenômeno ocorre quando o colaborador falta ao trabalho.
Sabe aqueles momentos em que o corpo está tão cansado e a vontade de ficar na cama se sobrepõe as suas obrigações com o trabalho? Esses sentimentos difíceis podem estar relacionados, sim, à doenças da mente – como o Burnout e Boreout.
Neste cenário, o indivíduo perde a vontade de ir trabalhar e por isso falta. Quando a ansiedade, estresse e a depressão são os maiores causadores de afastamento do trabalho, falar da importância da saúde mental no trabalho é essencial.
Outro ponto de atenção é o presenteísmo, pois, diferentemente do absenteísmo, no presenteísmo o colaborador está presente no trabalho, mas a sua produtividade está reduzida. Em outras palavras, o trabalho não rende, muita das vezes porque o empregado está entediado.
Como falar sobre saúde mental com o seu chefe?
Em muitos momentos a vida se sobrepõe às nossas atividades do trabalho e vice-versa. Então, essa é uma situação que todo indivíduo pode experienciar um dia. Mas, o medo da demissão e a falta de espaço para conversar sobre seus assuntos pessoais com líderes e gestores, pode ser o grande obstáculo a ser enfrentado.
Pensando nisso, o primeiro passo é quebrar o preconceito em si mesmo e verbalizar seus sentimentos se tiver espaço para tal. Algumas empresas oferecem canais para tratar destes assuntos, veja com o RH de onde você trabalha o que pode ser feito, quais ações podem ser tomadas em prol da sua saúde mental.
Caso a empresa em que trabalhe não tenha uma área de Recursos Humanos, verifique se você consegue ter alguma abertura para expor suas dificuldades com seu superior direto, ou mesmo se outros colegas estão com os mesmos sentimentos. Pense que instituições ou times que tem um perfil de controle ruim ou abusivo podem adoecer toda a equipe. Em alguns cenários, não é você que está adoecido, mas todo o ambiente de trabalho. Pense sobre isto.
Aprenda a reconhecer os sinais, nem sempre é fácil perceber quando algo não está indo bem. E é por isso que separamos alguns conteúdos que podem te ajudar na sua busca por autoconhecimento, saúde mental e qualidade de vida.
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