O fim do ano está chegando e traz consigo o peso de um ano repleto de desafios, vitórias, perdas, fracassos e experiências cheias de lembranças, sejam elas boas ou ruins. É nesta época que diversos canais de comunicação começam a divulgar uma série de retrospectivas sobre tudo o que se passou de mais marcante no Brasil e no mundo.
De uma forma ou de outra, as pessoas também começam a rever suas vidas e ações ao longo do ano, repassando lembranças e repensando atitudes e opiniões. Porém, nem sempre essas lembranças ocupam um espaço bom e especial dentro de cada um, por muitas vezes tais memórias colocam o indivíduo em um estado de melancolia e tristeza.
Para muitos 2022, por exemplo, será um ano de renovação e prosperidade, mas para a grande maioria este é um ano de luto e recuperação após um período longo de pandemia, com altos números de mortos e um país em grave instabilidade. Em especial aos que tiveram perdas de alguém mais próximo.
As festas de final de ano tem agora um sabor amargo de um 2021 marcado pela Covid-19, picos de ansiedade, casos de depressão e uma insegurança emocional, social e financeira sem precedentes. O país ainda se recupera e não há como evitar imaginar grandes esperanças neste novo ano que se aproxima.
De acordo com a National Alliance on Mental Illness (NAMI), 64% das pessoas com problemas de saúde mental, apresentam picos de instabilidade emocional e estão mais propensas à depressão nesta época do ano. Afinal, as férias de final de ano são responsáveis por grande parte das emoções e expectativas que alimentamos.
Há sempre uma grande pressão por trás da necessidade de renovação, como se todas as expectativas e exigências ao seu redor pudessem ser resolvidas com a chegada de um novo ano.
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O que é a melancolia de final de ano?
Checklists, planejamentos para o futuro e um balanço pessoal do que já passou: por mais que sejam hábitos comuns para a grande maioria das pessoas no final do ano, há quem se surpreenda com a presença de uma certa melancolia nesse período. Uma das origens pode ser a frustração de planos e metas que não foram cumpridos ao longo ano ou não saíram muito de acordo com a expectativa.
Para piorar, a verdadeira caça aos presentes, preparativos e as inúmeras confraternizações – muitas delas reunindo pessoas com as quais não nos relacionamos de forma tão próxima — aumenta o nível de estresse, em até 75%, segundo dados da International Stress Management Association (ISMA Brasil).
Somado a isso, a instabilidade financeira, passa pela soma de um período de números altos de desemprego, visto que em um período em que já é comum gastar sem planejamento e acumulando dívidas para o ano seguinte.
Quais os sintomas da melancolia de fim de ano?
Muitas vezes, as pessoas se sentem eufóricas, cheias de esperança, mas em outros momentos, ficam mais recolhidas e pensativas, com o humor deprimido. Muitas sentem dificuldade de sair da cama, ou aumentam o consumo de massas e chocolates, alimentos potencializadores da serotonina.
Outro sintoma muito comum costuma ser a desmotivação para realizar as funções básicas do dia a dia. Muitas pessoas não se sentem felizes com a chegada do Natal e do Ano Novo, e sua tristeza, a faz sentir culpada por não conseguir achar graça em comemorar estes períodos.
Mesmo que a melancolia de fim de ano não seja uma doença, não significa que estas emoções devam ser ignoradas. Problemas tidos como leves, podem contribuir para sintomas mais duradouros de depressão e ansiedade, ou mesmo tornar tudo mais difícil .
Se notar que já tem apresentado um desconforto maior emocional com este período do ano , coloque-se em alerta e faça uma pausa, racione sobre o que acontece e faça um esforço para amenizar os seus pensamentos negativos. Procure se proteger do que pode o estar apenas “puxando” para baixo. Aqui vão algumas sugestões que podem servir como um ponto de partida:
- Aceite seu estado de espírito. Estar feliz não é uma obrigação;
- Não fique preso ao passado. Alimente suas lembranças, ou momentos passados, mas não as use como um comparativo para o que tem naquele momento Tenha suas experiências como importantes aprendizados. Foque no presente e perceba o que está vivendo naquele momento;
- Cuide bem de você e adote hábitos saudáveis. Não enfie o “pé na jaca” para aliviar tristeza, ou mesmo, se abandonar;
- Seja generoso consigo mesmo. Não se compare a outras pessoas. Que tal reforçar pensamentos positivos? Se estiver muito difícil e nada de bom vier à mente será preciso não embarcar. Proteja-se;
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É importante ressaltar que a tristeza e a melancolia de fim de ano, acontecem com todo mundo e diferem da depressão. Se você ainda se sentir deprimido após o término do período de festas, pode estar lidando com mais do que apenas um caso de melancolia de final de ano. Na realidade, este termo melancolia de final de ano é para agrupar estes sentimentos coletivos comuns que podemos ter com o final do ano. Entretanto, isto é suave e difere de um adoecimento em que você não consegue reagir a um estímulo positivo.
Converse com seus amigos, busque as pessoas que te fazem bem e não compare sua ceia de Natal com a do influenciador digital milionário. Existem diferentes famílias, com cenários dos mais diversos e mesmo com simplicidade pode se ter o necessário.
Alimente sentimentos, empatia e se abrace. Antes do Boas Festas, saiba poder localizar qual é a sua festa própria. Celebre estar vivo e tente pensar se tem algum sonho. Pode ser um começo.
Se identificou ou já sentiu alguma das emoções apresentadas no artigo? Deixe aqui seu comentário e tenho certeza que vai notar outros casos assim como o seu. Você não está sozinho.
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