Graças a pandemia e o longo período de isolamento social, as pessoas começaram a falar muito mais sobre saúde mental e transtornos psiquiátricos, afinal esse foi um dos períodos em que a sociedade mais precisou enfrentar seus medos
O fato é que poucos sabem, mas o Brasil tem a maior taxa de pessoas com transtorno de ansiedade do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 9,3% dos brasileiros sofrem com algum transtorno de ansiedade. Apesar desse número alarmante, os brasileiros sabem pouco sobre essa doença e dificilmente conseguem diferenciar a ansiedade de resposta e o transtorno do pânico.
Para te ajudar a compreender melhor as diferenças e identificar os sintomas que possam surgir, vamos a uma breve explicação sobre cada um desses transtornos:
Transtorno do pânico X Ansiedade
Ansiedade é um sentimento comum às pessoas. O nível de ansiedade é que pode diferenciar aqueles que se sentem tensos, preocupados de forma constante – mesmo quando ao redor tudo está tranquilo – daqueles que reagem com uma expectativa mais exagerada quando vão experimentar uma novidade.
O problema começa quando a ansiedade se torna muito acentuada e o corpo passa a identificar situações rotineiras como uma ameaça e assim as crises são desencadeadas ao longo do dia, causando sintomas físicos como falta de ar, palpitação, enjoo e tontura.
Os transtornos ansiosos se caracterizam pela preocupação desproporcional de pessoas que antecipam problemas que nem chegam a acontecer, atrapalhando a vida social, a carreira e até mesmo relacionamentos. Quando esses sintomas se potencializam, chamamos de transtorno de ansiedade generalizada. Ou seja, a pessoa no seu funcionamento rotineiro está ao menos há 6 meses de forma constante num nível de tensão que a deixa exausta.
Qual a diferença entre ansiedade e síndrome do pânico?
A diferença entre a ansiedade generalizada e o pânico está na intensidade dos sintomas, sua duração e a imprevisibilidade das ocorrências. No caso da síndrome do pânico não há momento certo para começar, as crises podem acontecer mais de uma vez e essa recorrência é uma característica que destaca a doença. Outro ponto importante de diferenciação é que no ataque de pânico este acontece de súbito e dura cerca de 10 min como uma explosão emocional e física.
Já os sintomas de ansiedade são emocionais e físicos, que crescem, com fases de melhora e piora, oscilando ao longo do tempo. Quando a tensão atinge seu ápice, sintomas físicos como dores de cabeça, sudorese, náusea, tremor, dores no estômago, começam a aparecer. E no lado emocional, os momentos de tensão e preocupação constantes duram um bom tempo. A pessoa sente que seus sentidos estão à flor da pele, sem que se possa relaxar, há uma inquietante sensação de estar sempre no limite.
Enquanto a ansiedade é responsável pela insônia, a síndrome do pânico surge de repente em um pico muito alto, muitas vezes despertando o indivíduo, atingindo o ápice em minutos e com uma curta duração. E embora tenha uma duração mais curta, o sentido de adrenalina que ela trás é muito mais intenso e demora para estabilizar.
Sintomas da síndrome do pânico
- Dor ou desconforto abdominal;
- Vertigens;
- Medo de morrer ou perder o controle;
- Sensações de irrealidade;
- Palpitações;
- Náuseas;
- Falta de ar;
- Sudorese;
- Tremores
- Entre outros.
Sintomas da ansiedade generalizada
- Fadiga;
- Tensão muscular;
- Palpitação;
- Sudorese;
- Dores de cabeça;
- Diminuição da libido;
- Perda de memória;
- Insônia;
- Irritabilidade e inquietação;
- Dificuldade de concentração.
Porém, mesmo com todos esses sintomas, o principal deles e que diferencia a síndrome do pânico e a ansiedade, é a crença de morte que a primeira desperta, ou seja, um medo enorme de morrer durante uma crise de pânico. Isto acontece por sua intensidade, o que faz a pessoa ter a certeza de que pode, por exemplo, estar infartando ou tendo um acidente vascular cerebral, entre outras doenças que se apresentam de forma repentina.
Como as crises de pânico são muito severas, a pessoa passa a apresentar preocupações frequentes em relação a elas e entre os ataques sente um medo extremo, refugando hábitos tidos até então como normais, para evitar apresentar novas crises. Podemos rotular a síndrome do pânico como a sensação de medo do medo. A apreensão se torna uma ameaça que tortura mentalmente quem se sente vulnerável a ter uma crise de pânico.
Leia também: Saúde mental: saiba o que é e como tratá-la?
Existe tratamento para a ansiedade e a síndrome do pânico?
A maioria das pessoas vai apresentar um ataque de pânico em algum momento das suas vidas, porém apenas 2% ou 3% da população vai desenvolver de fato a síndrome do pânico.
Cerca de 70% dos casos acontecem com as mulheres, principalmente as mais jovens, entre 15 e 25 anos. A boa notícia é que tanto o transtorno de ansiedade generalizada quanto a síndrome do pânico tem tratamento, e ele é feito com medicamentos antidepressivos e principalmente através da terapia cognitiva comportamental.
Esta forma de acompanhamento psicológico ajuda o paciente a lidar com relação aos próprios sintomas da ansiedade, ou seja foca em como é sua forma “ansiosa” de perceber a realidade e como pode ir treinando sua mente para dessensibilizar seu corpo e mesmo como pode sentir o ataque de pânico no controle da situação. Assim, a pessoa também passa a não se sentir vulnerável a sua crise e percebe as nuances emocionais que a piora.
Importante ressaltar que sempre no acompanhamento clínico de pessoas que sentem esta forma de desconforto emocional o psiquiatra deverá pedir uma avaliação clínica para poder checar a saúde física do paciente. Também, caso o paciente já tenha uma avaliação clínica e mesmo exames realizados não há necessidade de se repetir os exames sem indicação médica.
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Conclusão
Nem sempre é fácil identificar as diferenças entre ambas as doenças, porém neste sentido é importante não lidar sozinho com tais aflições. Nunca deixe de buscar ajuda após identificar possíveis instabilidades emocionais, pois um profissional adequado poderá avaliar o seu caso e indicar o melhor tratamento.
E você, se identificou ou já sentiu algum dos sintomas apresentados no artigo? Deixe aqui seu comentário e tenho certeza que vai notar outros casos assim como o seu. Você não está sozinho. No entanto, somente um tratamento direcionado e com o diagnóstico estabelecido poderá o ajudar a ter o apoio adequado.
Para te ajudar, disponibilizamos em nosso portal a página “Onde Busca Ajuda“, que mapeia para você os locais de atendimento a saúde mental mais próximos, tendo como base o Sistema Único de Saúde (SUS).
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