Mulher Negra: herança centenária

Qual o papel da mulher negra frente a sociedade atual?
Como são empregados e garantidos o cumprimento das leis sobre seus direitos?

Essa mulher ainda vive em um ambiente hostil, precisando enfrentar situações de conflito e se provar a todo instante. Justificar de forma clara, seu merecimento ou seu poder intelectual, indo muito além dos padrões corporais da mulher negra.

A diversidade no Brasil enfrenta barreiras e se mantém em um constante estado de guerra, onde a cor, gênero e orientação sexual segmentam os padrões comportamentais de uma sociedade, em processo de desconstrução necessária. Na história do colonizado, do país escravocrata e de intensa desigualdade social, ainda precisamos fortalecer nossa identidade social tão diversa e rica.

Enquanto as mudanças caminham, essa mulher precisa continuar de cabeça erguida, buscando amparo nos braços de quem pode e escondendo “sinais de fraqueza” para garantir o pão de cada dia, para manter seus filhos seguros e saudáveis e se enquadrar de alguma forma, mesmo contra sua vontade.

Quem é essa mulher negra?

São Marias, Reginas, Antonias, Vilmas e Cristinas, que mesmo sendo mais do que sua cor, são agredidas todos os dias, graças ao tom que cobre sua pele. Não há espaço para elas e mesmo assim, a batalha diária se reinicia dia após dia.

A violência só agravou sua situação e em meio a pandemia, ela precisou conviver com quem mais temia, sem prazos, sem segurança, sem garantias, apenas fazendo o seu melhor para sobreviver e viver um dia de cada vez.

Quando vai para a rua buscar seu sustento, enfrenta portas batidas, falas ríspidas e desdém. Escuta de tudo um pouco e respira profundamente, buscando fôlego, tentando se manter paciente e pertinente. Sua vida depende disso.

A mulher negra é um patrimônio centenário, que traz em sua cor, seu sorriso, seus cabelos e sua alegria o poder de um povo, de muitos povos e ao contrário do que pensam, nunca foi a minoria, mas foi colocada à margem, inferiorizada e estereotipada. Tem a independência questionada, a sexualidade roubada e as falas caladas.

Sua identidade é a maior riqueza, sua representatividade tem um espaço importante em muitos contextos: educação, saúde, segurança, economia, comportamentos sociais e etc. Pequenos se olham e se identificam, entendem que essa é uma luta em comum e que mesmo com pouca idade, já carregam o peso de um povo.

O desamparo é doído e por muitas vezes você se sente só, desmotivada, como se suas lutas não semeassem, insistindo em não frutificar. Suas oportunidades são escassas e seus sonhos desacreditados. Em alguns dias você se frustra e se pergunta: 

“Mas porque minha luta precisa ser tão sofrida?”

A mulher negra que chora

Enxugue suas lágrimas e levante a cabeça, porque essa terra é toda sua, seus sonhos são seu escudo e sua melhor arma é a força de uma nação inteira. Não tenha medo do que enfrenta agora, use suas maiores habilidades para burlar os padrões impostos e derrubar marcas do preconceito.

Levante a cabeça e siga em frente, aposte em sua felicidade e plante as tradições do seu povo, sem medo e com quanta ousadia puder, porque de um jeito ou de outro, nada para quem está sempre disposto a lutar por seus sonhos.

O orgulho ainda precisa superar uma barreira de invisibilidade. No país do samba, a mulata e sua ginga encobrem o mistério de uma tradição que ainda precisa ser fortalecida sem vieses. Não se trata de “racismo reverso”, mas de uma voz ainda silenciada pela cultura do “racismo velado”. Sem dúvida, um grande desafio que não pode ser simplesmente lançar estas mulheres no teatro da meritocracia, mas as fortalecer com dignidade. Respeito, minhas memórias não são europeias, mas dos “atabaques” africanos. Minha cor não está na pele, mas minha pele reveste minha origem.

Conclusão

Mesmo enfrentando seus medos, o preconceito de quem vê e as limitações do seu dia a dia a mulher negra tem força e capacidade para realizar seus sonhos, encontrando apoio em seus valores, sua família e em muitas como ela, que ajudam a conquistar seu espaço, viver suas batalhas e se mostrar presente e forte, mesmo onde nunca teve vez.

Existem muitas Reginas, Marias, Cristinas e Solanges que saem com a dia ainda escuro prontas para buscar seu pão, conquistar seus sonhos e voltar para os seus no final do dia. São mulheres que não se deixam abater e que mesmo aparentando força, são frágeis e únicas, cada uma a seu modo.

Nunca deixe de se preocupar com suas fraquezas assim como entende suas forças. Busque apoio e cuide da sua saúde mental, pois é ela quem vai fortalecer as suas batalhas. Para te ajudar nessa busca, temos a nossa página “Onde Buscar Ajuda” que oferece apoio e atendimento em saúde mental com pontos próximos a você, utilizando o Sistema Único de Saúde (SUS) como base. Acesse e utilize nosso mapa para encontrar o melhor local para você.

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